O presidente do Banco Central, Campos Neto, disse nesta segunda-feira (5) que a instituição não pensa, neste momento, em baixar juros. Ele afirmou ainda que a batalha contra a inflação "não está ganha".
"No Brasil, como a gente começou a subir antes (a taxa de juros), fez uma subida mais rápida e mais forte, existe um entendimento de que o trabalho já tá feito e que a gente tem um apressamento, um mercado esperando a queda de juros, a gente tem comunicado que a gente não olha, não pensa em queda de juros neste momento", afirmou Campos Neto em um evento organizado pelo jornal 'Valor Econômico'.
Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) – considerado a prévia da inflação oficial do país – teve queda de 0,73%, segundo divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Foi a menor taxa da série histórica, iniciada em novembro de 1991. O resultado veio pela queda nos preços dos combustíveis, em particular da gasolina e do etanol, e da energia elétrica.
Na avaliação do presidente do Banco Central, apesar dessa melhora, ainda existe uma “preocupação grande”.
“A gente entende que a inflação teve alguma melhora recente, mas grande parte da melhora foi por medidas do governo [...] Mas a gente entende que ainda tem elemento de preocupação grande. A mensagem é que a gente precisa combater esse processo, entendendo que a gente vai passar por três meses de deflação, muito provavelmente, mas que a batalha não está ganha", completou Campos Neto.
Campos Neto disse que o cenário para o próximo ano ainda é de incerteza.
"A gente ainda não tem certeza sobre o que vai acontecer, sobre a parte da volta dos impostos, como vai se dar, parte do auxílio, como vai ser financiado, parte dos municípios, como vai equacionar esse problema, o que mostra que o BC continua navegando num ambiente de alta incerteza [...] o que a gente tá dizendo agora é que nós vamos ser persistentes, nós vamos ser vigilantes", afirmou.
Próxima reunião
Nesta segunda-feira, o presidente do Banco Central defendeu que a comunicação será fundamental para continuar o trabalho de controle da inflação
"A gente entende que tem que passar mensagem dura, a gente entende que a mensagem que se tem hoje é a mesma que se tinha na reunião do Copom [...] onde a gente disse que a gente analisaria uma possível um possível ajuste final", disse.
Na última reunião do Comitê de Política Monetária, no início de agosto, o Copom decidiu elevar a taxa Selic de 13,25% ao ano para 13,75% ao ano – alta de 0,5 ponto percentual.
Na ocasião, o comitê disse que avaliaria a necessidade de um novo reajuste, de menor intensidade, no próximo encontro - marcado para 19 e 20 de setembro. O Copom se reúne a cada 45 dias.
ICMS sobre itens essenciais
A queda da inflação aconteceu após o corte de impostos sobre itens essenciais, como combustíveis e energia elétrica. Esses produtos por si só já impactam a inflação. Além disso, influenciam indiretamente os preços de outros itens
A diminuição dos impostos, em ano eleitoral, foi uma estratégia adotada pelo governo e pelo Congresso. No entanto, apesar de terem segurado a inflação em 2022, essas medidas pressionam os preços para 2023, conforme já alertaram diversos economistas.
Diante disso, o Banco Central já tem admitido que o foco é controlar a inflação em 2024.
Campos Neto diz que Banco Central não pensa em queda de juros no momento e que a batalha contra a inflação 'não está ganha' - Globo.com
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