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Tuesday, June 14, 2022

Projeto que limita ICMS cria margem de gordura 'para não ficar reajustando preço toda hora', diz Guedes - Globo

Paulo Guedes na abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2022 (BIF 2022), que acontece em São Paulo. — Foto: Reprodução

Paulo Guedes na abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2022 (BIF 2022), que acontece em São Paulo. — Foto: Reprodução

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta terça-feira (14) que o projeto que limita as alíquotas do ICMS, aprovado na véspera pelo Senado, irá ajudar a evitar novos reajustes de preços.

"Quando você reduz os IPIs e o ICMS, você está dando margem de folga. Mesmo que os custos subam, você tem uma margem de folga, de gordura, para não ficar reajustando preço toda hora", afirmou.

Guedes participa nesta terça da abertura do Fórum de Investimentos Brasil 2022 (BIF 2022), que acontece em São Paulo.

O ministro voltou a declarar que nunca defendeu o congelamento de preços, destacando que redução de impostos é algo "completamente diferente".

"Não tem nada a ver com tabelamento. É patético. Tem pessoas que ressuscitam seus próprios fantasmas, das próprias tolices que fizeram no passado. Quem congelou preços lá no passado tem esse fantasma na cabeça pelo desastre que causou na economia brasileira", disse.

Segundo ele, a redução de impostos possibilita que o comércio não remarque preços, mesmo que os custos subam, de forma voluntária. "Se não quiser fazer [não remarcar], que se dane, aumenta o preço e o consumidor sai de perto", acrescentou.

Para analistas, o projeto que limita de cobrança de ICMS tem viés eleitoreiro, afeta a receita dos estados e não garante uma queda nos preços da gasolina e do diesel, uma vez que seus efeitos podem ser anulados por eventual novo reajuste nos preços das refinarias da Petrobras, que tem mantido preços defasados há semanas.

'Lá fora o mar é turbulento e vai piorar'

Guedes afirmou também que a atual crise global gera oportunidade para o Brasil, com o redesenho das cadeias produtivas globais, que traz novas exigências de proximidade geopolítica e logística para relações entre países do Ocidente.

Segundo ele, o país é "maior fronteira de investimentos aberta hoje" e uma "democracia amigável", com potencial para atrair os "trilhões de dólares em busca de onde investir".

O ministro avaliou que a perspectiva econômica para o ano é melhor para o Brasil do que para o restante do mundo.

"Lá fora o mar é turbulento e vai piorar", afirmou Guedes, citando os impactos da guerra da Ucrânia e da pandemia na inflação global e na desorganização das cadeias produtivas.

"Eu não tenho a menor dúvida quem vem uma recessão na Europa e nos Estados Unidos", disse Guedes, acrescentado que, por outro lado, as projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2022 têm sido revistas para cima, "indo para 1,5%".

"Enquanto isso, você tem o Brasil, ao contrário, começando a decolagem de novo", avaliou.

'Vamos acelerar e aprofundar as privatizações'

Em tom de campanha eleitoral, Guedes defendeu acelerar as privatizações e usar os recursos dos projetos de desestatização para criar um "fundo de reconstrução nacional". Segundo ele, o dinheiro seria destinado para recuperar a capacidade de investimento público, financiando obras de infraestrutura, e para capitalizar o fundo de erradicação da pobreza.

"Vamos acelerar e aprofundar as privatizações", disse Guedes, ao chamar a proposta de "plano de governo daqui para frente".

"Vamos fazer um Fundo Brasil, separando os ativos com maior liquidez e que podem ser desmobilizados", disse, citando estatais, imóveis da União e participações acionárias do BNDES.

O programa de privatizações governo Bolsonaro reúne atualmente 16 estatais, incluindo Petrobras que acaba de ser recomendada para 'estudos' para uma possível venda. Veja a lista.

Na visão de Guedes, a privatização é uma forma de aumentar a competitividade das empresas federais, de elevar o nível de investimentos dessas companhias e até mesmo de preservar o legado das estatais para a população.

"Como preservar esse legado [das estatais]? Deixa seguir a vida. É como um filho, que fica em casa até os 17, 18 anos e, de repente, sai e vai embora. Vai ganhar a vida, vai lutar pela vida. Essas empresas foram ajudadas. Foram o sacrifício de duas, três gerações. Está aí o legado. Agora, podemos transformar isso em recursos", disse.

Sobre as críticas de que as privatizações representam venda de patrimônio nacional, Guedes disse que o processo pode vir a representar uma forma de distribuir os recursos para a população.

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