Assembleia realizada na noite desta segunda-feira (11) aprovou, apesar de restrições de um conjunto de credores, o plano de recuperação judicial do Grupo Petrópolis, dona de marcas de cerveja como Itaipava, Petra e Cacildis.
O grupo apresentou na quinta-feira (7) na 5ª Vara Empresarial da Comarca do Rio de Janeiro documento em que se propõe a pagar os cerca de 5.000 credores até 2035.
O grupo cervejeiro entrou com o pedido de recuperação judicial em 27 de março, informando dívidas de R$ 4,2 bilhões, sendo R$ 2 bilhões em operações financeiras e mercados de capitais e R$ 2,2 bilhões a fornecedores.
"Foi o plano possível diante do contexto que a gente viu, mas imagino que ainda podem haver litígios", afirma o advogado Ricardo Scardoa, sócio da S.DS – Scardoa e Del Sole Advogados, escritório que representa os credores fornecedores.
"A gente pode dizer que foi um mal menor. Do lado dos credores fornecedores, fica a esperança de que o Grupo [Petrópolis] honre com seu compromisso de prestigiar esses credores e mantê-los como fornecedores", completa.
Em entrevista à Folha, na semana passada, o advogado Filipe Denki, especialista em recuperação judicial da Lara Martins Advogados, considerou o plano apresentado "muito confuso e de difícil compreensão", e viu ilegalidade em alguns pontos. Para ele, a forma como foi proposta a negociação deveria "ser estratégia para confundir os credores".
Será designado agora um juiz para avaliar se o plano contém alguma ilegalidade, sem entrar nos critérios financeiros apresentados pelo Petrópolis, que tem 30 empresas.
Na assembleia, o plano foi aprovado por 98,57% dos credores trabalhistas e 100% daqueles com garantia real. Entre os quirografários, aqueles que não têm nenhuma preferência ou garantia de recebimento, o índice foi de 93%.
Procurado por email, o Grupo Petrópolis não comentou a decisão até a publicação desta reportagem.
No documento que embasa o plano de recuperação, os controladores afirmam que a proposta tem o objetivo de manter os mais de 24 mil empregos diretos e 100 empregos indiretos, além de pagamento de tributos aos cofres públicos e geração de energia limpa e renovável.
O plano de pagamento envolve a quitação de dívidas até 2035, dependendo do tipo de credor, que podem ser parceladas em até 84 vezes.
Como garantia para conseguir recursos, o grupo afirma que pretende alienar um lote contendo 2.926 caminhões integrantes de sua frota, além de alugar 2.392 caminhões, sendo 534 veículos novos e o restante integrante da frota alienada.
Entre os cerca de 5.000 credores estão trabalhadores, empresas fornecedoras, bancos e demais empresas de crédito, além de pequenos e micro parceiros.
O pagamento das dívidas trabalhistas, que são prioritárias, poderá ser feito em até 30 dias após a homologação do plano pela Justiça, para valores de até R$ 6.600. Não haverá deságio sobre os créditos trabalhistas até o limite de 150 salários mínimos, o que dá R$ 198 mil.
Quem tem direito de receber acima de R$ 6.600 até 150 salários terá os valores pagos em 11 vezes, em parcelas mensais consecutivas, a partir de 60 dias após a homologação. Dívidas trabalhistas de mais de 150 salários serão pagas conforme contrato, podendo ser quitadas até 2035.
Credores com garantia real poderão receber os valores com deságio de até 70% ou optar pela mesma forma de pagamento oferecida aos credores fornecedores, que integram uma subclasse da categoria de quirografários. Haverá pagamento de juros, que poderá ser feito até 2035.
Credores aprovam plano de recuperação judicial do Grupo Petrópolis, dono da Itaipava - UOL
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