O Ibovespa fechou praticamente estável nesta sexta-feira (23), com alta de 0,04% e aos 118.977 pontos, e conseguiu fechar mais uma semana no verde, a décima alta consecutiva, apesar de ter ficado praticamente estável no acumulado dos cinco pregões, com leve alta de 0,18%. Assim, evitou a primeira queda semanal desde abril. Cabe ressaltar que o Ibovespa superou os 120 mil pontos na quarta-feira, mas fechou em queda expressiva na véspera de olho na política monetária doméstica e teve volatilidade nesta sexta.
Hoje, o que pesou no índice foi, principalmente, o cenário externo – em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,65%, 0,77% e 1,01%. Na semana, os benchmarks caíram 1,67%, 1,38% e 1,44%, na mesma ordem.
“O Ibovespa teve uma sessão volátil, acompanhando inicialmente a queda das bolsas estrangeiras, com recuperação ao final da manhã devido ao retorno das esperanças de corte da Selic em agosto, mas retornando ao campo negativo na última hora do pregão”, comenta Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos. “No cenário internacional, o que pressionou os índices acionários de Nova York e Europa foi o aumento das preocupações com elevação das taxas de juros em vários países e pela divulgação de dados que apontam estagnação da atividade econômica”.
Nesta semana, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, falou em audiência no Congresso norte-americano que vê neste ano mais duas altas da fed funds, hoje no intervalo de 5% a 5,25%. Já no Reino Unido, o Bank of England (BoE) surpreendeu ontem o mercado ao subir sua taxa de juros em 50 pontos-base, para 5%, quando o consenso era de 25 pontos-base.
Além da sinalização de juros mais altos, as publicações dos índices de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do Japão, União Europeia, Reino Unido e EUA nesta frustraram os consensos e trouxeram desaceleração.
A combinação de dados econômicos mais fracos e sinalização de juros mais altos pelas autoridades monetárias aumenta a perspectiva de recessão, ou ao menos desaceleração, da economia global.
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Ao mesmo tempo, as notícias aumentam as projeções de desinflação. A curva de juros brasileira caiu em bloco. As taxas dos DIs para 2024 perderam 7,5 pontos-base, a 13,01%, e as dos DIs para 2025, 15 pontos, a 11,01%. Os contatos para 2027 e 2029 fecharam a 10,37% e 10,68%, com menos 14 pontos e 13 pontos. Os DIs para 2031 ficaram em 10,88%, com menos 12 pontos.
O Ibovespa ficou dividido. A perspectiva de menor crescimento da economia global derrubou as ações das exportadoras de commodities, com as ordinárias da Vale (VALE3) recuando 1,01% e as ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4), 3,39% e 4,10%. Do outro lado, os panoramas de inflação menor e de queda dos juros fizeram subir empresas ligadas ao mercado interno.
A movimentação de hoje, em parte, chegou a reverter a movimentação no mercado interno que se viu após o Comitê de Política Monetária (Copom) trazer um tom mais duro do que o esperado em sua ata.
“Um comunicado considerado mais hawkish (agressivo) derrubou o índice das máximas do ano, levando principalmente as ações fortemente penalizadas por juros elevados, como as varejistas e construtoras, por exemplo”, fala Luiz Felipe Bazzo, CEO do transferbank. “Particularmente, acredito que o mercado esperava maior flexibilidade e reconhecimento de um cenário mais benigno, mesmo que nas entrelinhas, como é de costume deste tipo de comunicado. E para quem estava comprado na expectativa de redução da Selic já em agosto, o comunicado foi um balde de água fria”.
O dólar comercial fechou a sexta subindo 0,12%, a R$ 4,777 na compra e a R$ 4,778 na venda. Na semana, a divisa americana recuou 0,85% frente ao real.
” O dólar comercial se mantém a R$ 4,77, em um dia sem muitas surpresas, com os juros futuros (DIs) caindo por toda curva, seguindo a expectativa de que no Brasil o corte na Selic pode demorar mais um pouco, mas quando acontecer apresente um tom mais agudo, levando a taxa a um patamar de 12% em 2024, segundo a curva de juros futuros”, diz Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos.
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