Filho de família pobre, Bruno Ramos, 34, fez aos 15 anos um curso técnico de computação, em Queimados, na Baixada Fluminense. Ele ficou milionário aos 29 anos, após vender projeto e parte de uma empresa de biotecnologia para João Appolinário, dono da Polishop.
Veja como ele se tornou milionário
Ramos desenvolveu o primeiro projeto aos 19 anos. A Healthy Pro, uma plataforma de inteligência artificial para a saúde, foi criada em 2007.
A plataforma monitorava as publicações dos usuários no Facebook para levantar o histórico de saúde. Com os dados em mãos, a plataforma indicava diariamente para as pessoas orientações sobre alimentação e atividades físicas, entre outras.
Vendeu a plataforma por R$ 350 mil. Em 2009, a Healthy Pro foi vendida para uma empresa de tecnologia. Por contrato, o nome da empresa não pode ser revelado.
Esforço dos pais foi recompensado. "Era muito dinheiro, principalmente para um garoto da periferia da Baixada Fluminense. Todo o esforço dos meus pais acabou sendo recompensado", declara Ramos.
Abriu empresa e projetou algoritmo para produções agrícolas. Em 2015, Ramos abriu a Rio Claro Biotecnologia, e projetou um algoritmo para otimização de produções agrícolas. O algoritmo monitora os parâmetros agronômicos, como solo, temperatura, vento, dados pluviométricos, etc., e aponta as correções necessárias de nutrição para possibilitar a produção de plantas exóticas.
Ele se tornou sócio de João Appolinário. Em 2018, ele apresentou um projeto para viabilizar a produção de lúpulo no programa "Shark Tank", e vendeu 30% da empresa para o empresário João Appolinário, dono da Polishop. São sócios até hoje.
Fiquei milionário após a venda da plataforma Healthy Pro e de parte da empresa Rio Claro Biotecnologia. Sempre procurei investir bem o dinheiro que ganhei ao longo da vida.
Bruno Ramos, empresário
Minha mãe [Célia] era doméstica e meu pai [Adenir], pedreiro. Apesar da origem humilde, eles sempre focaram para que os três filhos tivessem a melhor formação. Minha mãe dizia que a educação ia mudar a nossa história de vida.
Bruno Ramos, empresário
Empresa de tecnologia fatura R$ 32 milhões por ano
Ramos abriu outra empresa de tecnologia em 2019. A HartB, uma startup que desenvolve soluções em tecnologia e transforma dados através da inteligência artificial em informações para os clientes, foi aberta no Rio. Hoje a sede fica em São Paulo.
Via é um dos clientes da startup. Para a Via (dona do Ponto e Casas Bahia), a HartB desenvolveu um algoritmo de inteligência artificial para analisar e indicar à varejista qual melhor produto para ofertar a determinado grupo de clientes, de acordo com os interesses e perfil comportamental de cada um.
Teve ajuda de projeto que apoia empreendedores negros. Em 2022, a HartB recebeu apoio da Endeavor (organização sem fins lucrativos que busca empresas com grande potencial) e do Google for Startup, por meio do "Black Founders Fund", projeto da big tech que apoia empreendedores negros. A Endeavor faz mapeamento, diagnóstico de problemas e levantamento de potencial da HartB; não houve aporte em dinheiro. O investimento do Google for Startup não foi revelado.
Empresa faturou R$ 32 milhões em 2022. O lucro foi de R$ 9,6 milhões.
Ramos tem outros sócios. Ele é dono de 71,25% da empresa e tem outros três sócios: Pedro Ica, Paulo Campos e Andrea Campos.
Empresa começou expansão internacional. A HartB abriu em março escritórios em Miami e São Francisco, nos EUA, para fazer a captação de clientes americanos e canadenses.
Ser um empreendedor negro é extremamente desafiador no cenário brasileiro. Para nós, a régua é sempre mais alta. Sempre temos que mostrar mais eficiência. Mas, mesmo tendo que trabalhar mais, nós conseguimos.
Bruno Ramos, dono da HartB
Plano de expansão requer equipe capacitada
Silmara Souza, consultora de negócios do Sebrae-SP, diz que, frente a uma competitividade global e com um mercado com potencial de crescimento, a HartB precisa de capacitação à altura e não deve perder talentos, o que pode prejudicar seu plano de expansão.
Veja o que ela disse:
Ramos começou cedo e ganhou experiência. Isso é fundamental na hora de tomar decisões e conseguir corrigir a tempo possíveis erros.
Ele soube correr risco. Um deles foi apresentar um de seus projetos no "Shark Tank", em frente a grandes nomes do mercado.
Teve visão de mercado. O segmento de inteligência artificial e de análise de dados é muito promissor. "É hoje a bola da vez", afirma.
Empresa resolve a dor do cliente. Para ela, a startup organiza e analisa os dados da empresa para propor soluções que resolvam a "dor do cliente". Isso facilita muito que a HartB tenha destaque no mercado.
Precisa ter mão de obra qualificada. Silmara diz, no entanto, que, para uma empresa conseguir se expandir no mercado, é preciso manter sempre uma equipe capacitada.
Dado de pesquisa mostra falta de qualificação no mercado. De acordo com a pesquisa "O impacto e o futuro da inteligência artificial no Brasil", 57% das startups acreditam que a falta de mão de obra qualificada é o que mais prejudica o desenvolvimento de inteligência artificial no Brasil.
Onde encontrar:
HartB - www.hartbgroup.com
Nasceu na periferia, ficou milionário aos 29 e hoje fatura R$ 32 mi com IA - UOL Economia
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