O Ibovespa fechou em alta de 1,47% nesta sexta-feira (28), aos 104.431 pontos, e encerrou o mês de abril com um ganho de 2,5%. O principal índice da Bolsa brasileira teve volatilidade no período. Desta forma, mesmo com os ganhos no mês, os investidores optaram pela cautela.
“Tivemos um mês foi volátil. O começo dele foi forte, após a publicação do IPCA , mas depois, por conta do arcabouço, investidores foram desanimando. Tivemos, de qualquer forma, um desempenho positivo, mas nada espetacular”, comenta Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
No dia 11 de abril, a publicação do IPCA de março, com uma desaceleração considerável, impulsionou o Ibovespa em mais de 4%. Posteriormente, contudo, o benchmark perdeu força, com especialistas acompanhando a tramitação do arcabouço fiscal.
“No Brasil, em março, tivemos a apresentação do arcabouço fiscal. Em abril, tivemos a proposta formal. O governo, por enquanto, busca o detalhamento melhor das receitas, para fechar a conta. Esse é o principal desafio que vemos para o mercado local. A apresentação da proposta ajuda a reduzir o risco de percepção da deterioração fiscal, o que é muito importante para renda fixa, moeda e ações”, diz Antonio Sanches, analista da Rico Investimentos.
Algumas derrotas do governo, como no caso da taxação de importadoras como a SheIn, adicionaram preocupações de como a União conseguirá compor a sua receita ao longo do ano para alcançar as metas.
“O grande destaque foi a continuidade da incerteza no Brasil. Alguns investidores esperavam que teríamos mais sinalizações, principalmente na parte macro. Era esperado que teríamos mais claridade, mas isso foi postergado. Acredito que a expectativa em relação a abril foi jogada para o próximo mês”, destaca Adriano Yamamoto, head da corretora institucional do C6 Bank.
Yanamoto pontua ainda que abril, assim como março, foi mais um mês com um baixo volume médio de negociações na B3 – o que já vem sendo apontado há algum tempo.
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“Dentro das poucas movimentações, as preferencias dos gestores de equities estão elétricas e bancos, setores defensivos. Essa é a cabeça atualmente. Como não temos clareza, é natural que gestores foquem nestas posições”, menciona o especialista. “A liquidez, de qualquer forma, está muito baixa. Qualquer fluxo traz uma distorção muito maior do que deveria”.
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Entre as maiores altas do Ibovespa em abril ficaram as ações ordinárias da EcoRodovias (ECOR3), com mais 19,11%, as preferenciais série B da Copel (CPLE6), com mais 15,56%, e as preferenciais da Cemig (CMIG4), com mais 8,91%. No setor financeiro, as ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3) ganharam 9,33%, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4), 4,85 % e 5,33%, e as unitárias do Santander (SANB11), 3,43%.
No exterior, o cenário também não foi muito diferente. Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq fecharam essa sexta com altas de, respectivamente, 0,80%, 0,83% e 0,69%. No mês, na mesma sequência, os ganhos foram de 2,49%, 1,51% e 0,04%.
“Mês de abril lá fora foi marcado por uma continuidade da dissipação de risco do evento de liquidez, que foi desencadeado principalmente pela quebra do SVB. Providos de liquidez pelo Fed, os bancos, ao longo do período, não estão precisando buscar linhas de crédito”, explica Bruno Madruga, sócio e head de renda variável da Monte Bravo Investimentos.
Na contraparte, porém, as perspectivas de que o Federal Reserve elevará a taxa de juros em sua próxima reunião, que acontece na próxima semana, aumentaram – com o consenso apostando em uma alta de 25 pontos-base, para o intervalo entre 5% e 5,25%. A crise dos bancos, causada majoritariamente por problemas na frente de crédito, era vista como algo que poderia levar a instituição a ser mais brando, para evitar um estrago maior.
“A gente ainda viu um movimento do cenário global com maior apetite ao risco. O DXY, que mede a força do dólar frente a outras divisas de países desenvolvidos, fechou no campo negativo. O dólar perdeu força mundialmente”, completa Madruga.
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A moeda americana fechou abril cotada a R$ 4,987 na compra e na venda, com alta de 0,14% no dia, mas queda de 1,59% no mês.
Para maio, de acordo com os especialistas, o destaque segue sendo as decisões quanto a política monetária nos Estados Unidos e no Brasil, com a Super Quarta na próxima semana, e também o trâmite do arcabouço fiscal.
“Temos a reunião do Copom na primeira semana de maio. Esperamos uma manutenção mas, com alguns dados de inflação apontando melhora, e com a questão fiscal trazendo mais visibilidade, a gente pode começar a esperar uma sinalização de que a Selic pode cair a partir da segunda metade do ano”, diz Antônio Sanches.
Madruga também espera uma manutenção dos juros em 13,75% pelo Copom. “Caso a gente consiga observar uma estabilidade para a inflação nos próximos períodos, o BC pode vir a sinalizar possíveis cortes nos próximos meses, porque a atividade brasileira está já desacelerando bem”, menciona. “Temos também a reunião do Fed. Devemos ter uma alta residual de 25 pontos-base”.
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