A Citroën fez uma revelação e tanto nesta quinta-feira (27): o novo C3 Aircross . Apresentado em sincronia com a operação da marca na Índia, o modelo se destaca por misturar o estilo externo de SUV com um interior pensado como minivan, uma inspiração que fica ainda mais clara diante do fato que o carro oferece sete lugares, algo que não é oferecido por nenhum outro utilitário compacto.
Chamar de revelação não é maneira de dizer, uma vez que ainda não temos a data de lançamento ou versões e preços. Sabemos apenas que será no final do ano . Mas a fabricante liberou várias informações e foi possível apurar algumas coisas.
O parentesco com o C3 vai além do nome, uma vez que ambos usam a mesma arquitetura: a plataforma CMP (Common Modular Platform) . O nome comum se aplica não apenas a esses dois modelos, ele também vale para o futuro sedã compacto que será lançado em 2024 . Chamado de C-Cubed, o projeto envolve os três modelos e tem como missão mudar o destino da Citroën no Brasil. A marca aposta que o Aircross será o principal produto do trio. O objetivo dos novos modelos é levar o fabricante a 4% de participação geral no mercado.
A produção será em Porto Real, Rio de Janeiro, fábrica que também faz o C3 e o C4 Cactus . O projeto nasceu no Brasil e conta com 70% de índice de nacionalização. Mundialmente, a meta é conquistar mercados na América do Sul, Índia, Ásia e Pacífico. São pontos táticos que fazem parte da estratégia de chegar a até 30% de vendas fora da Europa até 2025.
Estilo de SUV
Sabe o jeito de minivan da Chevrolet Spin? Não é o caso do C3 Aircross. O Citroën aposta em uma imagem de SUV, o que o afasta do visual esperado para um carro familiar de sete lugares. A "suvização" dos monovolumes é um movimento que já está em prática mundo afora. Embora a tendência também afete os EUA, o fato é que talvez só os americanos não se desapeguem das super práticas vans familiares.
É certo que esse tipo de carro carece do apelo sedutor de um SUV. E apelo é o que o C3 Aircross mais tem. O modelo aposta na dianteira com a mesma linguagem do C3, o que inclui o compartilhamento dos faróis, peças que imitam duplo o chevron, tipo de engrenagem que é símbolo da Citroën. Desenhos de para-choque, grade e capô são bem mais agressivos.
Por sua vez, as laterais ostentam para-lamas bem ressaltados, sempre uma boa aposta na direção da robustez visual. Na mesma tocada, as rodas aro 17 têm desenho que mistura partes diamantadas com pretas , além de serem calçadas com pneus Pirelli Scorpion 215/60.
As portas têm estilo semelhante às do C3, e são perfeitamente integradas aos vincos. As terceiras janelas ficam atrás das grossas colunas, praticamente integradas ao vidro traseiro. Foi uma maneira de dar uma rebuscada no visual e, ao mesmo tempo, melhorar a visão traseira. O toque hipster é o uso de cores diferentes no teto, algo que se popularizou, sobretudo, entre os SUVs.
As lanternas traseiras não são exatamente as mesmas do hatch, replicando apenas o estilo geral, sendo ligadas por uma régua preta . Apliques prateados no para-choque traseiro replicam os dianteiros, um recurso que lembra os protetores aplicados na era em que os SUVs eram SUVs.
A tampa tem base elevada em relação ao piso do bagageiro. Eu queria deixar para falar disso mais para a frente, mas devo adiantar que o porta-malas comporta até 489 litros. É outro mundo em relação aos 320 l do C4 Cactus, seu futuro companheiro de fábrica .
Os únicos dois defeitos poderiam ser facilmente resolvidos. Um deles é a crítica que o carro do primeiro contato nem sequer tinha encosto bipartido. Além disso, é incômodo o fato do piso do compartimento ter piso muito mais profundo que a boca da tampa. Como a Citroën aposta forte na personalização dos seus novos carros, esperamos que uma tampa alinhada ao acesso seja oferecida, algo que também permitiria que fosse criado um prático alçapão. O tampão é bipartido, algo elogiável.
Medidas generosas
São mais 4,32 metros de comprimento, medida que o coloca bem acima dos 4,17 m do C4 Cactus. O entre-eixos de 2,67 m é 13 cm superior ao do C3, sendo sete centímetros superior ao do parente próximo. A distância em relação ao solo é de 20 centímetros.
Para você ter uma ideia, o C3 Aircross europeu tem 4,15 m e 2,60 m nas mesmas medidas. Por que não trazê-lo? Seria um produto premium e pequeno para o nosso mercado.
Como o C3 Aircross se sai em relação à Spin, sua concorrente no mercado de carros compactos de sete lugares? A minivan da Chevrolet tem 4,36 m de comprimento e 2,62 m de entre-eixos. Já o porta-malas tem três capacidades diferentes: 710 litros (sem a terceira fileira), 553 l (com os assentos do fundão retirados) e 162 l (todos os assentos no lugar). Resta saber quais serão as demais medições do Citroën.
Infelizmente, o primeiro contato foi apenas com a versão de cinco lugares. Sem poder testar a terceira fileira, tive que me contentar com as duas primeiras. Foi possível ver que eu fiquei bem acomodado , a despeito de ter 1,84 m de altura, sobraram alguns dedos em relação ao encosto dianteiro. Olha que o banco do motorista estava regulado para alguém da minha estatura. O volante tem ajuste apenas de altura, mas, se seguirem os do C3, os bancos serão confortáveis após horas de direção.
A segunda fileira tem assentos bem mais elevados do que o ponto dos bancos dianteiros - até que eles contam com espaço decente abaixo deles para acomodar os pés de quem vai atrás. O mesmo não acontece no meio, o que é uma limitação do 1,80 m de largura - o túnel central não tão elevado.
Quanto aos bancos da terceira fileira, eles são individuais e pesam oito quilos, o que facilita a remoção deles - não vimos o modelo de sete lugares . Da mesma maneira, ainda não foi revelado o volume do porta-malas com todos os sete ocupantes. Para melhorar o acesso aos passageiros traseiros, os encostos rebatem na proporção 60/40.
Não há dúvida que o espaço interno é elogiável. Isso se estenderia a todos os novos carros da Citroën. De acordo com Pierre Leclercq, Diretor de Design Global da Citroën. "Companhias francesas fazem muito bem carros pequenos, elas sabem otimizar cada centímetro no interior".
Correções incluem painel e airbags
Como fica posicionado bem acima do C3, o C3 Aircross corrigiu algumas falhas do hatch. Uma delas foi o painel digital de baixa resolução, sem conta-giros e de tamanho diminuto, que foi trocado por uma peça de maior resolução, colorida e com tamanho de sete polegadas , além de trazer o importante mostrador de rotações.
A outra correção diz respeito aos dois airbags laterais dianteiros, algo que está disponível no mais barato Renault Kwid, mas não no C3 . Só que continuam de fora os seis airbags. A esperança é que sejam adaptados sistemas de auxílio a condução oferecidos no Pulse.
Há algo curioso que me lembrou - ainda que de maneira mais simples - as antigas minivans da Citroën: saídas de ar-condicionado para os passageiros traseiros , outro ponto elogiável. Só que, ao contrário das antepassadas, só é possível acionar a regulagem de intensidade do ventilador, nada de temperatura.
Entretanto, há pontos em que a origem de um carro popular não é negada. Na versão apresentada, não há ar-condicionado digital , por exemplo, item que já se tornou corriqueiro. As portas sequer têm tecido de revestimento, algo que poderia ter sido aplicado na dianteira, como é de costume nos compactos. Além disso, nem o cinto do motorista conta com ajuste de altura.
Há um ponto que não precisava de mudanças: a bela central multimídia de dez polegadas . Além de ter uma tela vívida de alta resolução, ela se destaca por oferecer conexão com Android Auto e Apple CarPlay sem fio. Há ainda até cinco saídas USB, sendo duas para os ocupantes da frente, duas para a fileira traseira e outra para a terceira.
Motores e câmbios
Tendo sido desenvolvido em grande parte em Betim, Minas Gerais, fábrica da Fiat e base do centro de desenvolvimento da Stellantis, o novo carro usa muitos componentes da marca. Tamanha generosidade será compensada assim que a plataforma CMP também for cedida para a irmã italiana, com o objetivo de serem construídos sobre ela o novo Argo e grande família, afirma o Automotive Business .
De acordo com o site Autos Segredos, serão duas motorizações. As versões de entrada têm o motor PSA que é o amigo de infância dos projetos anteriores e atuais: o 1.6 16V aspirado, unidade que deve gerar os mesmos 120/113 cv e 15,7/15,4 kgfm do C3 (etanol/gasolina). O quatro cilindros conta com os câmbios manual de cinco marchas e automático de seis velocidades.
Fornecido pela Fiat, o outro propulsor é um parágrafo à parte - literalmente. Trata-se do 1.0 turbo usado pelo Pulse e Fastback, um três cilindros que gera 130/125 cv e 20,4 kgfm. No caso dele, a transmissão é automática do tipo CVT . E vale ressaltar que esse motor não está disponível para o C3 hatch.
Versões e preços
Ainda não sabemos se os nomes das versões seguirão os do C3 ou do C4 Cactus. O primeiro tem as configurações Live, Live Pack, Feel, Feel Pack e First Edition. Já o segundo dispõe das opções Live, X-Series, Feel, Feel Pack e Shine.
Em relação aos preços, o que foi apurado é que o C3 Aircross custará menos que o Jeep Renegade, que parte de R$ 134.990 (preços de São Paulo) . É algo natural, pois o companheiro da marca de utilitários tem motor 1.3 turbo e outros pontos que o credenciam a ser mais caro. Apostar em algo próximo dos R$ 110 mil como patamar de entrada talvez não seja tão distante. Até porque o Fiat Pulse custa entre isso e R$ 130 mil.
Vale lembrar que o C4 Cactus parte de R$ 108.990 e chega a R$ 147.990 , porém ele tem motor turbo mais esportivo no topo da game e pode ter a linha reestruturada, se limitando aos modelos mais caros, exemplo do 1.6 THP. Nada é certo. A presidente da marca apenas afirmou que o carro vai permanecer em linha, mas pode haver algum cruzamento de compradores.
"Quando a gente põe os dois, você vê que são perfis distintos. Vai ter uma parte que vai fazer uma intersecção ali? Normal. Mas o perfil do cliente é distinto", diz Vanessa Castanho, vice-presidente da Citroën para a América do Sul . Ao indagar se a data de lançamento ainda muito distante poderia levar os potenciais compradores do C3 Aircross a buscarem outro SUV, ela pensa que não. "O que a gente percebe é que ele vai adiar a compra da concorrência, não da Citroën" , aposta.
Ao perguntar para a alta executiva se o C4 Cactus ficaria em linha apenas por um tempo curto - algo comum após baixar a poeira de alguns lançamentos -, ela afirmou que não, pois são carros de perfis distintos. O segmento B SUV (os compactos) tem 25% de domínio de mercado e 20 modelos sendo ofertados . A vice-presidente aposta que há subclassificações e há espaço para ambos.
Claro que há a arquirrival Spin. A minivan custa entre R$ 106.560 e R$ 128.880, ou seja, uma gama parecida com a do novo C3 Aircross . E o modelo da Chevrolet será reformulado em breve e ganhará uma imagem bem mais agressiva, além de ter versão aventureira. Não será um páreo tão fácil assim, mas, para combater isso, a Citroën vai ampliar a rede de concessionários. Atualmente, são 179, número que garante 80% de cobertura no país.
Encontrar um nicho de mercado e fazê-lo florescer é com a própria Stellantis, não parece que vai ser diferente com o C3 Aircross. Ter um SUV de sete lugares pelo preço da categoria sub R$ 140 mil é um trunfo e tanto . Por mais que seja simples em comparação a alguns competidores, a versatilidade e design são alguns dos pontos fortes.
Modelos importados
A possibilidade de serem trazidos carros importados também foi perguntada. " Chance sempre tem, mas desde que faça sentido para o mercado . A gente está trabalhando em uma estratégia de eletrificação que é bem disruptiva", afirma Vanessa. Se seguirmos nessa linha, há modelos que seriam interessantes, exemplo do elétrico ë-C4.
Citroën C3 Aircross tem sete lugares e preço inferior ao do Renegade - iG Mail
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