NOBRES
A falta de energia elétrica, segundo produtores, dificulta as emissões de notas e até atrasa a colheita
Publicado em 21/02/2023 ÀS 15h16 Por Viviane Petroli e Pedro Silvestre, do Canal Rural Mato Grosso - Atualizado em 21/02/2023 ÀS 15h17
Com mais de 50 mil hectares de lavouras, um dos grandes desafios do município de Nobres (MT) é a instabilidade e baixa oferta de energia elétrica. Produtores revelam enfrentar dificuldades para emitir uma simples nota, que permite o descarregamento dos caminhões nos armazéns, o que pode, inclusive, atrasar ainda mais a colheita.
Na propriedade de 4.720 hectares em que o agrônomo Clóvis André Gehardt trabalha foi construída uma estrutura capaz de beneficiar e armazenar em torno de 13 mil toneladas de grãos. Contudo, diante da instabilidade e baixa oferta de energia elétrica a mesma não será alimentada pela rede fornecida pela concessionária.
“A energia nossa ela é uma energia monofásica. Então, ela nem tem condições de tocar uma estrutura de armazenamento desse tamanho, porque a gente precisaria de uma energia trifásica. O serviço de fornecimento aqui está bem defasado. Deixa a gente na mão o tempo todo, diz Gehardt.
Problema com energia desmotiva investimentos
A deficiência de energia elétrica, de acordo com quem produz, além de transtornos, principalmente em épocas chuvosas, traz aumento de custos. Fato que acaba por desmotivar a realização de investimentos.
“Você vê cada vez menos área de pasto e mais de agricultura. E, a energia continua a mesma rede que era antigamente. Hoje, a gente não tem energia nem para o armazém, nem que queira. Qualquer vento, qualquer coisa a gente fica sem energia”, pontua o agricultor Walter Scharf.
Soja: colheita em Mato Grosso chega a 60%
Segundo o produtor Dejair Roberto Liu, no período de chuva os cortes de energia ocorrem a todo o momento.
“Duas, três vezes por dia e fica tudo parado. Agora na época da colheita nós precisamos emitir nota na internet. Se não tem energia, não emite a nota. O custo do caminhão já é caro. Agora você imagina o caminhão ficar na lavoura parado sem você poder emitir a nota? O armazém não recebe o produto se não tiver a nota. Atrasa até a colheita”, frisa Liu.
Na propriedade do produtor João Armindo Rondon até se tentou construir um armazém e um secador com capacidade estática para 30 mil sacas de soja. Contudo, há quase 20 anos está tudo parado em decorrência as oscilações e baixa oferta de energia.
“O princípio de tudo é energia. Tem que ter energia para movimentar a máquina. Quando chegou, chegou essa aqui que é monofásica. Tocava com energia à óleo diesel, mas é totalmente inviável”.
Outro lado
A equipe do Canal Rural Mato Grosso entrou em contato com a Energia, concessionária de energia elétrica que atende ao estado, que explicou que para solicitar o aumento da carga nas propriedades é preciso que cada cliente faça um pedido único. A partir disso, a concessionária analisa a situação e conforme o caso, define se o consumidor terá ou não participação no valor da execução.
A companhia também informa que conta com equipes de campo e planejamento de investimentos para todas as regiões do estado. Em 2022 foram investidos mais de R$ 920 milhões em Mato Grosso.
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