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Sunday, December 11, 2022

Promoções com itens a vencer ganham espaço nobre no varejo - Extra

Oferecer descontos para produtos próximos da data de vencimento deixou de ser uma eventualidade para virar estratégia de negócio de diferentes segmentos. Vistas mais frequentemente nos supermercados, essas promoções vêm se multiplicando por farmácias, redes de beleza e grandes varejistas. Para o consumidor é a oportunidade de economizar até 70%. Já para a empresa, além de reduzir perdas com produtos que seriam obrigatoriamente descartados após o vencimento, ainda conta como uma iniciativa ESG, diz o professor de Finanças do Ibmec-RJ Haroldo Monteiro:

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— Essa é uma estratégia já comum no exterior, que visa a diminuir o prejuízo, através de não descarte do estoque, e maximizar o lucro. Mas também pode ser utilizado para a imagem da corporação como uma iniciativa sustentável, já que evita o desperdício e ajuda uma população com um poder aquisitivo menor.

Grandes empresas têm regras próprias para baratear o que está com a validade apertada. No site de O Boticário, a aba “Pra usar já” anuncia itens com desconto, informando prazo de validade. A espuma de barbear (200 ml) Quasar, por exemplo, que vence em março de 2023, sai de R$ 54,90 por R$ 32,90. Com vencimento no mesmo mês, a base líquida Vitamin C (25 ml) é vendida por R$ 50,90, em vez de R$ 84,90 .

Nas Lojas Americanas do bairro da Tijuca, no Rio, na fila para o caixa, há etiquetas anunciando promoções com a informação: “próximo ao vencimento”. No último dia de validade, o preço do biscoito Oreo Chocolate bandeja Kraft (144g), caiu de R$ 11,99 para R$ 3,75.

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As farmácias também embarcaram de vez nesta estratégia. Nas unidades de todo o país da Pague Menos, produtos que estão a quatro meses (ou menos) do fim do prazo de validade são destinados ao programa Última Chance, que concede descontos de 20% até 50%.

— É um programa que caiu muito no gosto do nosso cliente que, em geral, é de classe C, classe média expandida — diz Fernando Alves, diretor de prevenção de perdas da rede.

Alves confirma que a estratégia tem duplo objetivo:

— Aumentar a nossa rentabilidade e diminuir nossa “pegada” ambiental (danos ao meio ambiente provocados por uma empresa), pois todo produto que não é vendido é incinerado. Medicamento não pode ser reciclado.

Atualmente, 4% do estoque da Pague Menos entram no programa Última Chance e, desses, cerca de 70% são vendidos.

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Numa unidade da Droga Raia, na Zona Norte do Rio, há uma área dedicada a produtos “próximo ao vencimento”. Com validade até março, o preço do hidratante Corpo Intenso (200g) Epidrat foi de R$ 79,90 para R$ 55,93.

Na Venâncio, os produtos continuam nas prateleiras de suas categorias, mas com uma etiqueta azul que informa que o preço está reduzido pela validade apertada. O composto lácteo Milnutri Profutura (800g) saía de R$ 73,99 por R$ 62,98, por vencer em 24 de fevereiro.

Quando o fim da validade de um alimento se aproxima ou ele sofreu algum dano, a rede Hortifruti faz uma promoção. Desde agosto, esses itens em 52 lojas dos estados do Rio e de São Paulo passaram a ser vendidos pela metade do preço.

— Temos um aproveitamento de mais de 90% das cestas que subimos no aplicativo da Food To Save (especializado nesse tipo de iniciativa). Até o momento salvamos cerca de 35 toneladas de alimentos — conta Juliana Freitas, coordenadora de Inovação da rede Hortifruti Natural da Terra.

A marca carioca Brownie do Luiz também entrou para o aplicativo. Luiz Rondinelli , diretor de marketing da empresa, conta que quatro dias antes do fim da validade o produto é ofertado via app, e o estoque costuma se esgotar em 20 minutos:

— A ideia de reaproveitamento sempre foi forte na marca. Logo nos primeiros anos do negócio, as casquinhas de brownie que sobravam da produção passaram a ser vendidas nas latas do achocolatado usado na receita. A informalidade, na época, deu essa liberdade de testar, e hoje é o produto que traz mais faturamento para o negócio.

Especialistas em finanças recomendam cuidados, afinal, não há economia em comprar o que não se vai consumir.

— Ao comprar um produto com a validade próxima, é preciso avaliar se vai ser possível consumir tudo antes do fim do prazo. Comprar algo pela metade do preço mas só conseguir consumir pela metade não gera economia. E a rede só repassou, neste caso, o desperdício — explica o especialista em Finanças e sócio da BRA Rodrigo Correa.

Insistir em usar produtos depois de vencidos pode causar danos à saúde, alerta Aline Borges, presidente do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária do Rio:

— Após o vencimento não se tem a garantia de eficácia dos medicamentos. Nos cosméticos, corre-se o risco de efeitos adversos. Nos alimentos, além de riscos imediatos à saúde, consumir um pão ou fruta com fungo com frequência pode provocar danos ao fígado. E não adianta descartar apenas a parte visível.

Na avaliação de Ulysses Reis, coordenador de MBA de Varejo da FGV RJ, a prática de descontos para produtos in natura fora do padrão de beleza ou próximo do fim da validade ainda tem que a evoluir muito no Brasil:

— Há muito desperdício, é preciso mudar a cultura. Na Europa, os preços no mercado mudam durante o dia.

Procurados, O Boticário, Americanas, Venâncio e Droga Raia não quiseram comentar essa estratégia de venda.

Informação clara: é preciso que o aviso do fim da validade seja ostensivo. Se isso não estiver claro é uma infração legal, diz David Guedes, assessor jurídico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Denuncie ao Procon e à Vigilância Sanitária.

Atenção: só compre se estiver certo que vai consumir tudo até o vencimento ou o desconto vai virar prejuízo.

Produto vencido: segundo o advogado Kristian Rodrigo Pscheidt, sócio do MV Costa Advogados, o consumidor que comprar um produto vencido pode solicitar a restituição do valor ou a substituição por outro idêntico e deve denunciar a empresa.

No Estado do Rio há a Lei nº 7.633/2017, que dispõe sobre o programa “De Olho no Vencimento”, implementado por adesão voluntária pelo varejo. A lei prevê que, mesmo antes da compra, se o cliente constatar a existência de produto à venda já vencido, pode receber gratuitamente outro item igual. Há leis semelhantes em outros locais do país.

Produtos ‘in natura’: no caso de legumes, frutas e verduras não se fala em validade, mas integridade. Pode-se fazer oferta de produtos fora do padrão de “beleza” para o item. Mas não de itens passados, como uma banana com a casca completamente preta. Aline Borges, presidente da Vigilância Sanitária do Rio, explica que esse é caso de doação, mesmo que o item esteja apto para consumo.

Responsabilidade: até o fim da data de validade, qualquer problema que se tenha com o item é de responsabilidade do fabricante, compartilhada com o vendedor.

Riscos: consumir produtos fora da validade pode provocar danos à saúde do consumidor, como intoxicação, alergia e até envenenamento. No caso de medicamentos, diz Guedes, o principal risco é que de ineficácia.

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