O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou setembro no verde, com leve alta de 0,47%. O forte avanço de hoje, de 2,20%, levou o benchmark aos 110.036 pontos e o salvou de fechar o mês em queda, descolando-o, ainda, das tendências vistas no exterior.
Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, nesta sexta, 1,71%, 1,51% e 1,51%, respectivamente. No mês, as quedas acumuladas foram, na mesma sequência, de 8,68%, 8,91% e 9,66%.
“No contexto global, os mercados em setembro continuaram o movimento de queda, levando seus índices a revisitar as mínimas do ano”, diz Roberto Chagas, head de renda variável da EQI Asset. “O aumento de 75 pontos-base da taxa de juros americana, apesar de amplamente esperado, veio com um comunicado do Federal Reserve em tom mais duro, levando investidores a projetarem uma taxa terminal mais alta”.
O anúncio de alta da fed funds, no dia 21, e as falas de Jerome Powell acabaram por enfraquecer a visão de que a autoridade monetária americana conseguiria frear a inflação sem, necessariamente, implementar uma recessão na maior economia do mundo.
Antes disso, dados de inflação mais altos do que o esperado, também nos EUA, já haviam baqueado a confiança dos investidores.
Fora o que foi visto nos Estados Unidos, o especialista da EQI Asset também destaca que as altas de juros na Europa, bem como a crise energética que esse continente enfrenta, e notícias provindas da China também minguaram o otimismo.
Tudo isso acabou fortalecendo o dólar frente às demais moedas no mundo. O DXY, que mede a força da divisa americana frente a outros de países desenvolvidos, saiu da faixa dos 108 pontos para negociar nos 112,12 pontos.
Frente ao real, o dólar, nesta sexta, perdeu 0,02%, negociado a R$ 5,395 na venda e a R$ 5,394 na compra. No mês, no entanto, a alta acumulada foi de quase 3%,
Ibovespa registra diferenças entre setores
O Ibovespa, apesar do pessimismo mundial, conseguiu fechar setembro no verde com a ajuda de certos setores da economia.
As construtoras foram destaques no mês – as ações ordinárias da Cyrela (CYRE3) subiram 29,59%, sendo a principal alta do índice, seguidas das da MRV (MRVE3), com mais 22,86%. A EzTec (EZTC3) também teve suas ações ordinárias no top cinco, com mais 17,61%.
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“Faz algum sentido o setor de construção civil ser destaque no mês, dado o cenário que temos daqui para a frente, de provável queda dos juros”, lembra Luiz Adriano Martinez, portfólio manager da Kilima Asset. “O Brasil é o país que conseguiu controlar primeiro sua inflação, com as projeções e os índices, já há algum tempo, caindo”.
O Banco Central brasileiro, no mesmo dia em que o Fed trouxe uma alta da fed funds, manteve a Selic inalterada.
A curva de juros brasileira, nesta sexta, fechou em queda, na contramão da tendência internacional – o que também foi visto ao longo de setembro.
Enquanto os treasuries para dez anos viram suas taxas subirem 7,8 pontos-base no dia, a 3,825%, os DIs fecharam no vermelho – as taxas dos contratos de juros para 2024 caíram nove pontos-base, para 12,77%; as dos para 2027, 14 pontos, para 11,53%; e as do para 2031, 15 pontos, a 11,80%.
“Isso beneficia o setor de construção civil e outros ligados à economia interna. O setor financeiro também foi destaque, por ser impulsionado neste fim de ciclo, até o momento de queda”, acrescenta Martinez.
Outras ações que figuraram entre as maiores altas do Ibovespa foram as de companhias de educação – as ordinárias da Cogna (COGN3) subiram 18,55% e as da Yduqs (YDUQ3), 17,38%.
Entre as piores quedas de setembro, destaque para as ações do IRB Brasil (IRBR3), com menos 32,93%, da Marfrig (MRFG3), com menos 24,94%, e da São Martinho ([ativo=STMO3]), com menos 19,90%.
Para agosto, eleições e dados da inflação são destaques
Para o décimo mês do ano, analistas afirmam que um dos destaques ficará para o resultado das eleições.
“Fica difícil traçar um cenário para juros, câmbio e Bolsa sem o resultado das eleições ou de, ao menos, uma prévia”, afirma Nicolas Merola, analista da Inv. “Caso ela não termine domingo, se tivermos segundo turno, o resultado do primeiro turno será muito importante. Ficamos, um pouco, com as mão atadas neste ponto”.
Fora isso, o especialista afirma que dados de inflação, tanto do Brasil quanto dos Estados Unidos, continuarão em foco.
“Já recebemos, no Brasil, algumas atualizações, e os dados de inflação, aparentemente, estão melhorando bem. Acredito que esse movimento de melhoria pode continuar e pode fazer com que o temor de juros mais altos por muito tempo, ceda”, comenta Merola.
Um alívio na curva de juros brasileira, no entanto, dependerá, justamente, de como serão as sinalizações dos próximos presidentes, ou dos candidatos no caso de ir para o segundo turno, no âmbito fiscal.
As movimentações no exterior, no caso de a inflação americana continuar alta, também tendem a pressionar os ativos brasileiros.
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