Estados Unidos dão novo passo na disputa tecnológica com China
O governo dos Estados Unidos publicou nesta sexta-feira (7) um amplo conjunto de controles de exportação, incluindo uma medida para cortar o acesso da China a certos semicondutores fabricados em qualquer lugar do mundo que usem equipamentos norte-americanos. A medida representa uma tentativa de retardar os avanços tecnológicos de Pequim.
As regras, algumas entrando em vigor imediatamente, ampliam restrições definidas em cartas enviadas neste ano aos principais fabricantes de ferramentas para produção de chips - KLA, Lam Research e Applied Materials - e efetivamente os obriga a interromper as vendas de equipamentos para fábricas chinesas que produzem chips avançados.
As medidas podem representar a maior mudança na política dos EUA em relação ao envio de tecnologia para a China desde a década de 1990. Se eficazes, elas podem atrapalhar a indústria de chips da China, forçando empresas norte-americanas e estrangeiras que usam tecnologia dos EUA a cortar o suporte para algumas das principais fábricas e designers de chips da China.
"Isso fará os chineses retrocederem anos", disse Jim Lewis, especialista em tecnologia e segurança cibernética do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), em Washington. Ele afirmou que as políticas remontam aos rígidos regulamentos do auge da Guerra Fria.
"A China não vai desistir da fabricação de chips... mas isso realmente vai atrasá-los."
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Resposta da China
Em Pequim, o Ministério das Relações Exteriores, por meio de uma porta-voz, disse que os Estados Unidos abusaram das medidas de controle de exportação pra manter a hegemonia da ciência e da tecnologia e que as medidas violam regras comerciais internacionais.
Ela completou ainda que as empresas chinesas serão prejudicadas, mas as americanas também e que a proibição de vender chips pra china vai ter um impacto na cadeia de abastecimento da indústria global e na recuperação da economia mundial.
Sem garantias
Em comunicado na quinta-feira (6) antecipando as regras, oficiais do governo de Joe Biden disseram que muitas das medidas visam impedir que empresas estrangeiras vendam chips avançados para a China ou forneçam às empresas chinesas ferramentas para fazer seus próprios chips avançados.
Mas eles admitiram que o governo norte-americano não conseguiu garantir nenhuma promessa de que nações aliadas implementarão medidas semelhantes e que as discussões com essas nações estão em andamento.
"Reconhecemos que os controles unilaterais que estamos implementando perderão eficácia com o tempo se outros países não se juntarem a nós", disse uma autoridade. "E corremos o risco de prejudicar a liderança tecnológica dos EUA se concorrentes estrangeiros não estiverem sujeitos a controles semelhantes."
A ofensiva baseia-se na ampliação da chamada regra do produto direto estrangeiro. Antes, a regra foi ampliada para dar aos EUA poder de controlar as exportações de chips fabricados no exterior para a gigante chinesa Huawei e, mais tarde, para interromper o fluxo de semicondutores para a Rússia após o início da guerra na Ucrânia.
Nesta sexta-feira, o governo Biden aplicou as restrições expandidas às chinesas IFLYTEK, Dahua Technology e Megvii Technology, adicionadas à lista de entidades em 2019 por alegações de que ajudaram Pequim na supressão da minoria uigur.
As regras também bloqueiam exportações de uma ampla gama de chips para uso em sistemas de supercomputação chineses. As regras definem um supercomputador como qualquer sistema com mais de 100 petaflops de poder de computação que ocupe um espaço de 600 metros quadrados, uma definição que duas fontes do setor disseram que também pode atingir algumas centrais de processamento de dados de gigantes de tecnologia da China.
"O escopo da regra e os impactos potenciais são bastante impressionantes, mas o diabo estará, é claro, nos detalhes da implementação", disse Eric Sayers, um especialista em políticas de defesa do American Enterprise Institute.
A Associação da Indústria de Semicondutores, que representa fabricantes de chips, disse que está estudando os regulamentos e pediu para Washington "implementar as regras de maneira direcionada - e em colaboração com parceiros internacionais - para ajudar a nivelar o campo de jogo".
Efeito da medida
Empresas de todo o mundo começaram a enfrentar problemas com as medidas dos EUA, com as ações dos fabricantes de equipamentos de produção de semicondutores mostrando queda.
Também nesta sexta-feira, os EUA adicionaram a YMTC, maior fabricante de chips de memória da China, e 30 outras empresas chinesas a uma lista que as autoridades norte-americanas não podem inspecionar, aumentando as tensões com Pequim e iniciando um prazo de 60 dias que pode desencadear penalidades mais duras.
As empresas são adicionadas à lista de não verificação quando as autoridades dos EUA não podem visitar os locais para determinar se podem receber tecnologia sensível, forçando os fornecedores do país a tomar mais cuidado nos negócios com elas.
De acordo com uma nova política, se um governo impedir que autoridades dos EUA façam verificações in loco em empresas da lista de não verificação, os EUA iniciarão o processo para adicioná-las à lista de entidades após 60 dias.
Os novos regulamentos também restringem severamente a exportação de equipamentos dos EUA para fabricantes de chips de memória chineses e formalizam cartas enviadas à Nvidia e AMD que ordenam restrição ao envio para a China de chips usados em sistemas de supercomputação.
EUA anunciam pacote de sanções para restringir produção de chips na China - g1.globo.com
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