Retrato da indústria: quase 10 mil fábricas fecharam no Brasil em uma década, aponta IBGE
O IBGE divulgou, nesta quinta-feira (21), um retrato da indústria brasileira, feito ao longo de uma década.
A indústria automobilística é um dos setores que vem encolhendo. Quase 23,5 mil pessoas deixaram de trabalhar na produção de veículos de 2011 a 2020. Em 2011, o setor representava 12% da indústria brasileira. Em 2020, 7,1%, uma queda de 4,9 %.
A produção industrial como um todo acumulou números negativos país afora. É o que mostra um levantamento do IBGE divulgado nesta quinta (21). Quase 10 mil indústrias fecharam as portas no período.
“Nós tivemos uma recessão econômica a partir de 2014 e no fim do decêndio nós tivemos uma pandemia que também ajudou bastante para que isso acontecesse. Além disso, tivemos um custo muito elevado de juros e uma diminuição do poder aquisitivo da população”, explica o economista Gilberto Braga.
O cenário teve impacto direto na vida de muitos trabalhadores. Em uma década, um milhão de postos de trabalho desapareceram, principalmente em setores que empregam muito como o de roupas e acessórios, o de couro e calçados e a indústria metalúrgica. E quem ficou teve que conviver com uma queda na remuneração média. Passou de 3,5 salários para 3,2 salários.
A participação das regiões Nordeste e Sul ficou praticamente estável. O Norte e Centro-Oeste ganharam espaço, sustentados pela agroindústria. O Sudeste ainda concentra mais da metade da indústria nacional, mas perdeu terreno.
“Quando você tem uma crise econômica, é a região que mais perde. Assim como quando você tem um momento de expansão é a região que mais cresce. Nesse momento como nós temos um período em que a indústria está em baixa de uma forma generalizada em termos médio, ela encolhe mais do que se expande na década, o que nós temos é uma perda da pujança do setor industrial”, diz Braga.
A pesquisa também revela que a pandemia teve efeitos diferentes a depender do setor. Quando ela começou, em 2020, quase três mil fábricas fecharam as portas, mas o saldo de empregos no setor no ano foi positivo. É que indústrias tiveram que reforçar a produção para atender novas demandas.
“A empresa teve um crescimento maior em função de ser uma empresa do ramo sanitário, que trabalha com desinfetantes, álcool 70, álcool gel, produtos da área de assepsia em geral, ampliou a venda de máscara e assessórios produtos para combater crise do vírus. A gente ampliou o número de funcionários, aproximadamente 30% a mais, e viemos crescendo nesse período”, relata o empresário Irleu Oliveira Santos.
A adesão de parte da indústria a programas do governo de redução de salários e jornada ajudou a manter postos de trabalho. A responsável pela pesquisa explica que a pandemia tem impactos distintos em setores diferentes.
“Quando vem um efeito adverso como esse, como é o caso da pandemia na indústria, você vai ter setores que aumentam emprego, que contratam mais e vai ter outros que vão precisar decretar férias coletivas, vai recorrer aos programas do governo, dos benefícios emergenciais de emprego e renda, etc. Então a indústria é bastante diversificada, mas a gente sabe que algumas atividades foram mais comprometidas durante a pandemia do que outras”, explica a gerente de Análise Estrutural do IBGE, Synthia Santana.
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