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Saturday, July 2, 2022

Inflação em alta faz brasileiro mudar os hábitos de consumo e trocar marcas tradicionais por outras mais baratas - Extra

O brasileiro está mudando os hábitos de consumo, principalmente na hora das compras de supermercado, quando subsititui marcas tradicionais por outras mais em conta. É o que aponta uma pesquisa da Proteste, Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. O motivo para a mudança, segundo o levantamento, é a inflação, juros altos e o aumento dos preços de bens e serviços, que trazem consigo maior endividamento, custo de vida elevado e o empobrecimento das famílias. Outras mudanças também foram observadas no consumo de energia elétrica e na economia de combustível.

Os resultados mostram que, desde o início do ano, mais de 90% dos entrevistados já mudaram seus hábitos nas principais áreas de consumo, especialmente em relação a energia elétrica, alimentação e mobilidade, em alguns casos incluindo também saúde e atividades sociais. Desse total, 70% contaram ter desligado aparelhos ou evitado usá-los com a frequência a que estavam acostumados para economizar energia elétrica.

Quanto à alimentação, 65% dos consumidores passaram a comprar no supermercado marcas de preço mais baixo, como as marcas próprias das redes, e uma em cada três pessoas diz ter cortado os alimentos não essenciais. A cada dois entrevistados, um afirmou que está comprando uma quantidade menor de peixe ou carne.

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No que diz respeito à mobilidade, três quartos dos entrevistados disseram ter mudado seu comportamento de consumo — sendo 45% os que estão deixando de usar o carro por conta do combustível mais caro e 28% os que estão dirigindo de maneira mais econômica.

As famílias com renda mais baixa foram atingidas com maior intensidade, mas até consumidores que têm uma situação financeira "mais confortável" tiveram de mudar alguns hábitos. Mais da metade, 53%, afirma ter renunciado ou adiado a compra de roupas, 47% cortaram atividades sociais, como a ida a restaurantes e bares, e 30% tiveram de mudar os planos para as férias.

Uma parcela dos entrevistados cancelou o atendimento odontológico (29%), outra parte adiou consultas médicas (26%) e um grupo deixou para depois a compra de óculos ou aparelhos auditivos (20%).

O corte de custos essenciais revela que a qualidade de vida foi afetada. Quase um quarto de todos os entrevistados descreveu a situação financeira da família como difícil, sendo que 39% declaram que, neste momento, a condição é pior do que a de um ano atrás. E mais da metade dos entrevistados (58%) afirmou não ter margens ou economias para lidar com futuros aumentos de preços.

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Apesar da piora em geral, entre os países que participaram do estudo (Bélgica, Portugal, Itália e Espanha), o Brasil foi o que apresentou o maior percentual de consumidores que tiveram melhora no padrão financeiro. Quando solicitados a comparar a situação financeira atual com a de um ano atrás, 16% dos brasileiros afirmaram ter havido progresso. Em Portugal e na Espanha esse dado foi 9%, na Bélgica foi 8%, e na Itália, 7%. No Brasil, a pesquisa contou com 1.038 participantes, de todas as regiões.

— Sendo um país de renda média, o Brasil é fortemente impactado pela crise inflacionária. Mas, ao mesmo tempo, em função de sua concentração de renda e oportunidades, possui o maior percentual de pessoas, entre os países pesquisados, cujo nível de vida permaneceu igual ou está melhor do que um ano atrás — comenta Henrique Lian, diretor de relações institucionais da Proteste.

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