O último levantamento do site de pesquisas Mercado Mineiro apontou no começo de abril que o maior valor cobrado no etanol em BH era de R$ 5,59. Apenas um estabelecimento da capital anteriormente cobrava o litro inferior a R$ 5. O portal divulgará nos próximos dias o novo reajuste nos preços, praticados antes mesmo do feriado da Semana Santa.
O garagista Éder Luiz dos Santos, de 43 anos, lamenta que o atual preço do combustível pese tanto no bolso dos brasileiros: “Fica difícil ver como as coisas estão atualmente. Tudo está subindo e o nosso salário não acompanha esse reajuste. Estamos de mal a pior”, desabafa.
“Os governantes não estão nem aí para nós. Pagamos muito alto, enquanto outros países cobram mais barato pelos combustíveis”, acrescenta o belo-horizontino, que tem diminuído drasticamente as saídas de carro durante a semana.
O professor de educação física e motorista de aplicativo Andrei Anderson Vieira, de 36, atribui a alta do etanol à baixa procura pela gasolina nos últimos dias.
"Do nada, reparei que o etanol aumentou demais. Tem postos que o preço subiu quase R$ 1. A primeira impressão foi de que o feriado interferiu nesse aumento. Também acredito que, pelo fato de muitos motoristas passarem a abastecer com etanol, houve esse reajuste para nos obrigar a consumir gasolina também. Não faz sentido", diz.
O vendedor Cléber Santana, de 36, passou a abastecer com etanol desde o último aumento da gasolina, mas pensa em rever a estratégia: “Vimos um aumento absurdo no mês passado, o que significou mais vantagem colocar etanol. Mas, agora, ambos estão com preços impraticáveis. Não temos por onde escapar nessa situação. O jeito é pensar se voltamos a abastecer com gasolina. Pelo menos, ela tende a render mais”.
Os proprietários dos postos de combustíveis atribuem o aumento à dificuldade para repor seus estoques de etanol. A falta do produto tem chegado às distribuidoras, que não estão conseguindo atender a demanda total da rede de postos.
“A Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), que representa as usinas produtoras do combustível de cana, admite que a safra deste ano está atrasada por questões climáticas e incêndios nos canaviais”, ressalta em nota o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro).
“O problema tem se agravado e chegado também na gasolina, que possui em sua composição 27% de etanol anidro, com revendedores encontrando dificuldade para encontrar o produto nas companhias. Diante da atual escassez do etanol, o que o mercado tem observado é uma alta no valor do produto nas usinas produtoras”, complementa.
No mês passado, o sindicato havia alertado sobre o problema de escassez do diesel devido à defasagem do combustível em comparação com os preços de importação. Agora, o problema toma nova dimensão diante da incerteza do suprimento com relação ao etanol, que vê a demanda crescer cada vez mais.
“É importante frisar que, em um momento de crise global dos combustíveis, todos os elos produtores precisam agir com responsabilidade, sem oportunismo comercial e, principalmente, se esforcem para garantir total abastecimento dos postos e, consequentemente, dos consumidores”, diz o Minaspetro.
Siamig nega problema
Citada pela Minaspetro, a Siamig foi procurada pelo Estado de Minas para comentar a situação das safras da cana-de-açucar no estado. Mas a entidade negou que haja falta da matéria-prima do etanol no mercado. "A Siamig esclarece que não há nenhum tipo de problema ou falta na oferta de etanol, por parte das usinas, e que apesar do atraso da nova safra (2022/23) os estoques remanescentes da safra anterior (2021/22) são suficientes para abastecer o mercado".
"Informamos também que a safra de cana já iniciou em algumas unidades e que para a segunda quinzena de abril e início de maio espera-se que a safra na região Centro-Sul entre em um ritmo mais acelerado e com mais unidades iniciando a produção, aumentando assim a oferta de etanol no mercado. A Siamig também reforça que a previsão da safra canavieira de Minas Gerais apresentará, em 2022/23, uma recuperação com uma maior produção de etanol e oferta para o mercado consumidor", diz a entidade.
Após gasolina e diesel, postos de BH têm reajuste de até 10% no etanol - Estado de Minas
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