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Saturday, February 5, 2022

O que o investidor deve fazer após a derrocada nas ações do Facebook – Negócios – Estadão E-Investidor – As principais notícias do mercado financeiro - E-Investidor

A Meta, dona do Facebook, passou por um dia difícil na quinta-feira (3). Após a divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2021, as ações caíram 26,39% na Nasdaq, aos US$ 237,76. A desvalorização representa uma perda de US$ 237,1 bilhões (mais de R$ 1,2 trilhão) em valor de mercado em apenas um dia, um recorde histórico no mercado financeiro americano.

Para efeito de comparação, a holding de Mark Zuckerberg perdeu, sozinha, o equivalente a 27,5% do valor de mercado de todas as empresas brasileiras somadas, segundo dados da Economatica. A derrocada fez a fortuna do fundador da rede social encolher US$ 29 bilhões.

A forte reação dos investidores acontece em função de alguns resultados que vieram abaixo das expectativas. O ponto mais sensível foi em relação à base de usuários. Pela primeira vez em sua história, o Facebook registrou queda no número de usuários ativos diários (DAUs).

No final do terceiro trimestre de 2021 eram 1,930 bilhão de ‘users’, enquanto no final do quarto trimestre passaram a ser 1,929 bi. Ou seja, uma queda de cerca de 1 milhão de usuários por dia. Segundo a corretora Avenue, os dados de usuários ativos mensais também vieram ligeiramente abaixo das expectativas, em 2,91 bilhões, quando as projeções apontavam para 2,95 bilhões.

Outro ponto que chamou atenção foram os gastos em torno do desenvolvimento do metaverso, uma espécie de ‘mundo virtual’. A aposta de Zuckerberg para o futuro da internet custou cerca de US$ 10,2 bilhões apenas no ano passado. Por fim, o guidance da empresa para os próximos três meses decepcionou, já que as receitas devem ficar entre US$ 27 bilhões e US$ 29 bilhões, ante consenso de US$ 30,3 bilhões.

Consolidação

Apesar dos números terem frustrado uma parcela dos investidores, os especialistas consultados pelo E-Investidor avaliam esse ‘apogeu’ como algo natural. Guilherme Zanin, analista da Avenue, diz que a queda dos usuários é um indicativo de que a empresa chegou a um patamar tão alto, que torna difícil ter mais para onde crescer.

“Vemos como uma consolidação da empresa dentro do mercado. Mostra que ela atingiu um nível de maturidade elevado. Não tem mais um crescimento de uma startup e, a partir do momento que se atinge esse nível de maturidade, a tendência é ficar estável”, explica o analista. “A empresa começa a ter dificuldade de reter usuários nas plataformas.”

Por outro lado, entende a reação do mercado, já que as empresas de tecnologia como a Meta têm muito do seu valor intrínseco ligado ao crescimento da base dos usuários. “E quando a companhia reporta decrescimento, infelizmente isso faz com que os investidores pressionem o ativo”, afirma Zanin.

Para André Kim, sócio e analista de investimentos da GeoCapital, a reação negativa do mercado veio mais das preocupações com o futuro da companhia do que com os resultados do último trimestre. Na visão dele, o balanço veio dentro do esperado, apesar da queda reportada nos usuários ativos diários.

“Estamos falando de um ano (2021) em que a Meta cresceu 37% da receita. Não dá para dizer que a empresa teve um ano ruim”, afirma Kim.

O analista também chama a atenção para as regiões em que houve as maiores quedas no número de usuários ativos, Europa e EUA. Estes são justamente os locais em que a ‘saturação populacional’ já foi atingida, ou seja, praticamente todas as pessoas que poderiam ter uma conta no Facebook, já o tem.

“Ali não tem muito espaço para crescer, a não ser que tenhamos uma aceleração de pessoas entrando na faixa etária em que o uso do Facebook é permitido”, ressalta o especialista da GeoCapital. “Esperamos, então, que nos próximos 10 anos a empresa não tenha um crescimento tão grande no número de usuários, como vinha ocorrendo na última década.”

Segundo Kim, a expectativa é que o Facebook cresça em média 3% a 4% nos próximos 10 anos, visto que ainda existem países em que há espaço para expansão. Um patamar bem diferente dos 13% de crescimento registrados na última década.

Instagram versus TikTok

Outro ponto de preocupação que contribuiu para o movimento baixista nos papéis da Meta foi o avanço do TikTok, a rede social de vídeos curtos que já chegou a 1 bilhão de usuários ativos mensais em setembro do ano passado. Para fazer frente a esse crescimento estrondoso, a Meta implementou os ‘reels’ no Instagram em julho de 2021, que no final são uma cópia dos vídeos curtos da ‘rede vizinha’.

Não é a primeira vez que a Meta copia recursos de outras plataformas. Os próprios stories do Instagram, que hoje são um sucesso, foram copiados do antigo snapchat. Kim explica que a monetização dos novos reels ainda está longe de alcançar todo o potencial, por serem uma ferramenta muito nova.

“São seis meses da existência de um produto que ainda precisa de um espaço de convencimento para os anunciantes e público em geral, para se tornar uma fonte mais rentável de monetização”, afirma Kim. “Na nossa visão, o Instagram é uma plataforma que continuará interessante para muita gente mesmo com a competição. Para nós, o TikTok tem outro tipo de público alvo, outro nicho de mercado.”

Política de privacidade

A Apple atualizou a política de privacidade do iOs 14.8, com a implementação de uma regra que dá mais autonomia aos usuários no uso de dados gerados pelo celular. Esta mudança, juntamente ao aumento da competição, motivou a redução das expectativas de receita da Meta para o primeiro trimestre deste ano. Para Kim, este é um fator crucial, que impacta não só o Facebook, mas todas as empresas que trabalham vendendo informações para anunciantes.

“Quem usa Apple hoje já foi questionado se gostaria de compartilhar os dados gerados no uso do smartphone com outros”, afirma Kim. “Isso acaba atrapalhando bastante todos os players de propaganda digital. Se o TikTok fosse uma empresa listada, provavelmente estaríamos vendo um resultado menor (como foi com o Facebook), porque também depende muito de anunciantes.”

Porém, as redes sociais de Zuckerberg seriam mais resilientes que os pares a esse novo cenário de uso de dados, por terem mais recursos, escala e maneiras de conectar informações. A expectativa da GeoCapial é que a Meta perca cerca de US$ 10 bilhões em 2022 em função dessa nova realidade no uso de dados.

“Por outro lado, não será um problema que impactará apenas a Meta, mas todos os pares. E, entre as companhias impactadas, a Meta tem a maior chance de contornar essa situação. Não vemos que isso deve ser um problema para a companhia daqui 5 anos”, ressalta Kim.

Metaverso

Por último, mas não menos importante, a divisão de ‘Reality Labs’, voltada ao desenvolvimento do metaverso, reportou prejuízo de mais de US$ 10 bilhões no ano passado. Na visão de Zanin, da Avenue, é natural que nesse primeiro momento a área focada em metaverso não dê lucro.

Contudo, é um gasto elevado que afugentou investidores mais imediatistas, já que indica que a companhia terá que dispender um grande capital para estruturar o metaverso, sem previsão de lucro clara da divisão.

“O investidor gostaria de ver esse gasto em forma de dividendo ou outro tipo de retorno”, afirma Zanin.

Para Kim, da GeoCapital, esse valor elevado mostra como a Meta está liderando esse possível novo nicho de mercado – que deve demorar alguns anos para ser construído. “Não há outra empresa investindo tanto quanto a Meta no metaverso. Olhando o número de funcionários dedicados a esse novo mundo virtual, devem ter atingido mais de 30% voltados a essa plataforma”, afirma Kim. “É um business novo, que está sendo custeado por algo que já vai bem, que é a parte de propaganda.”

Olhar de longo prazo

O olhar de longo prazo irá diferenciar quem vê essa queda como oportunidade de quem a enxergará como um alerta.

“A empresa conseguiu crescer a receita e margem de lucro, o que mostra que está saudável em termos financeiros. E para quem tem visão de longo prazo e acredita que o metaverso possa ser um potencial negócio da empresa, uma queda de 25% abre uma oportunidade de desconto”, afirma Zanin.

Essa também é a visão de Kim. “Somos super investidos nessa companhia”, diz. “Esses 25% de queda nos papéis tiram um tipo de investidor mais curto-prazista, que queria ver o Facebook subindo 50% esse ano, e coloca os investidores que tenham um perfil mais parecido com o nosso, que sabem que a empresa está passando pelas dores de crescimento, criando um novo negócio.”

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