As exportações de vinhos e espumantes nacionais deram um salto neste ano em relação a 2020. Entre janeiro e setembro de 2021, o país vendeu 690,4 mil caixas de nove litros de vinhos e espumantes, o que representa aumento de 62% em relação ao mesmo período do ano passado. No mercado interno, vinhos e espumantes rosé viraram queridinhos do consumidor.
Os dados são da Ideal Consulting, uma empresa de auditoria de importação e inteligência de mercado, e foram divulgados pelo Consevitis-RS (Conselho de Planejamento e Gestão da Aplicação de Recursos Financeiros para Desenvolvimento da Vitivinicultura do Rio Grande do Sul).
A vinícola Salton, por exemplo, atingiu a meta de exportação já em novembro. O objetivo da empresa era vender R$ 14 milhões em produtos para o exterior. Em novembro, as vendas para fora já somavam R$ 14,8 milhões. A expectativa é fechar 2021 com R$ 16,5 milhões exportados, aumento de 50% na comparação com 2020.
Segundo Maurício Salton, presidente da vinícola, o bom resultado pode ser atribuído ao câmbio favorável e ao "reconhecimento da qualidade do produto brasileiro". "O espumante brasileiro está se consolidando lá fora, com reconhecimento de qualidade", diz.
Ele também afirma que a cotação alta do dólar ajudou. As exportações são favorecidas quando o dólar sobe porque o importador compra mais produtos brasileiros com a mesma quantidade de dólar.
Aumento de consumo interno
As vendas de vinho no mercado interno também cresceram: houve uma alta de 2% entre outubro de 2020 e setembro de 2021, na comparação com o mesmo período de 2019 e 2020. Foram 492,5 milhões de litros comercializados.
Segundo representantes do setor, os números apontam que o aumento no consumo de vinho registrado em 2020 veio para ficar. A OIV (Organização Internacional da Vinha e do Vinho) afirma que a alta foi de 18,4% no ano passado.
Rosé está na moda
Os dados da Ideal Consulting não têm o detalhamento por tipo de vinho ou espumante. Mas, segundo as vinícolas, os novos consumidores do mercado interno estão se interessando mais por bebidas rosé.
Oscar Ló, presidente da cooperativa Vinícola Garibaldi, diz que 50% do que ele vende de espumantes já é rosé.
Rafael Conceição, gerente de marketing do Consevitis-RS, afirma que esse tipo de bebida "entrou na moda" por ser "despretensiosa, mais leve e divertida". O novo público, diz Conceição, é "desapegado de técnicas e classificações".
Estamos tentando incentivar as pessoas a trazerem o vinho para outros momentos que não são só os clichês, quando esfria ou em um jantar romântico. Queremos mostrar que o vinho pode estar no cotidiano, em um churrasco, na beira da praia.
Rafael Conceição, do Consevitis-RS
Marcas nacionais mais conhecidas
Alexandre Miolo, diretor comercial da vinícola Miolo, diz que os consumidores que já bebiam vinho passaram a conhecer melhor os rótulos nacionais, o que também impulsionou as vendas.
Mas eu acho que o mais importante foi a entrada de novos consumidores no mercado. Não perdemos isso em 2021 e temos a expectativa de crescer mais.
Alexandre Miolo, da vinícola Miolo
Espumante o ano todo
Oscar Ló, da Garibaldi, diz que, tradicionalmente, os espumantes eram consumidos apenas em eventos festivos.
Mas, no ano passado, mesmo com o cancelamento de eventos, a vinícola vendeu 12% a mais do que em 2019. Para 2021, a previsão é de alta de 30% nas vendas.
A Garibaldi tem 80 itens, entre vinhos, espumantes e sucos. Os espumantes respondem por 40% do faturamento. Os do tipo brut são os mais vendidos (70% do total)..
Falta de garrafas impede crescimento maior
Outra vinícola, a Aurora, também comemorou bons resultados durante a pandemia. Em 2020, o volume comercializado cresceu 26% na comparação com o ano anterior —o que levou a um faturamento R$ 150 milhões mais alto.
Em 2021, segundo Hermínio Ficagna, diretor superintendente da vinícola, os resultados "só não serão melhores" pela falta de um insumo básico: a garrafa.
A Aurora vai deixar de vender e até de crescer porque não tem garrafa. São entre oito e dez milhões de litros de vinhos, sucos e espumantes que não chegarão ao mercado por causa disso.
Hermínio Ficagna, da Aurora
Segundo ele, o cenário deve persistir no ano que vem e até em 2023. Por isso, as empresas estão pensando em alternativas, como comercializar as bebidas em latas.
"No caso do vinho, o que percebemos é que o consumidor ainda não assimilou bem o uso da lata. É algo muito incipiente. Mas estamos com outros projetos em andamento, que ainda não posso detalhar. Não adianta ficar esperando [o fornecimento de garrafas voltar ao normal]", afirma.
Menos em casa, mais nos bares
O mercado ganhou novos adeptos, mas não necessariamente eles vão continuar bebendo em casa.
Em 2020 e 2021, as restrições de circulação causadas pela pandemia impulsionaram as vendas online. Eduardo Souza, co-CEO da Evino diz que, no ano passado, a expansão "foi assustadora".
"Nosso faturamento subiu 62% em 2020. A gente já esperava que em 2021 tivéssemos um crescimento mais leve. Deve ser algo em torno de 4%", afirma.
A alta mais tímida tem relação com a diminuição nas restrições de circulação causadas pela pandemia, já que as pessoas voltaram a frequentar bares e restaurantes.
Por isso, segundo Souza, a tendência é de que 2022 seja um "ano desafiador para o e-commerce".
Para tentar continuar crescendo, a Evino tem investido em novas frentes. Em outubro, a empresa comprou a Grand Cru, que atua como importadora e loja de vinhos.
O e-commerce também passou a vender produtos para harmonizar com os vinhos, como massas secas, queijos e chocolates.
"A gente acredita em mais crescimento, porque o consumo de vinho aumentou e isso vai continuar", diz Souza.
Exportação de vinhos nacionais salta 62%; dentro do país, rosé vira moda - UOL Economia
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