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Monday, November 1, 2021

Nubank vai distribuir cerca de R$ 200 milhões em BDRs a seus clientes para torná-los sócios do banco - Economia & Negócios Estadão

O Nubank anunciou nesta segunda-feira, 1.º, a criação do programa NuSócios, no âmbito de seu processo de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês). Segundo a empresa, milhões de clientes serão convidados a se tornarem sócios da empresa, sem nenhum custo, por meio do recebimento de um BDR (Brazilian Depositary Receipts, um papel negociado no mercado nacional que replica a ação de uma empresa que está listada no exterior, como será o Nubank).

O banco digital destinará entre R$ 180 milhões e R$ 225 milhões para a compra de BDRs para os clientes, que poderão se inscrever a partir do dia 9 de novembro pelo aplicativo. As unidades de BDR do programa NuSócios - que, estima-se, equivalerão a um sexto do papel a ser emitido nos Estados Unidos - só poderão ser negociadas 12 meses depois do IPO. 

Segundo o Nubank, para receber os BDRs que serão distribuídos no programa anunciado nesta segunda-feira, é preciso ser um cliente ativo, ter uma conta do banco que não esteja bloqueada para transações, não estar inadimplente com a instituição por mais de oito dias corridos e ter realizado ou recebido pelo menos uma operação em qualquer produto do Nubank nos últimos 30 dias antes de aderir ao programa.

Detalhes do IPO 

O banco digital vai abrir seu capital nas Bolsas de Nova York (Nyse) e de São Paulo (B3) de forma simultânea, e espera levantar o equivalente a R$ 16,8 bilhões, considerado o preço médio da faixa indicativa definida para os papéis. Será, se confirmados os valores, a maior oferta de uma empresa da América Latina neste ano.

Com a colocação dos lotes adicional e suplementar, e consideradas as ações de classe A, que serão vendidas, e as de classe B, que não serão vendidas, o Nubank pode chegar ao mercado avaliado em US$ 51,241 bilhões, ou R$ 289,313 bilhões. É mais do que os grandes bancos brasileiros: na Nyse, o Itaú Unibanco vale US$ 38,54 bilhões. O Bradesco, US$ 30,44 bilhões. 

Se forem colocados todos os lotes de ações, a oferta da fintech levantará R$ 22,801 bilhões, estimativa feita pelo Nubank considerando uma taxa de câmbio de R$ 5,6123 e o preço médio da faixa, que vai de US$ 10 a US$ 11 por ação. Destes, R$ 20,245 bilhões seriam referentes à oferta primária, em que os recursos vão para o caixa da companhia. Considerado o preço máximo, a oferta movimentaria R$ 23,886 bilhões.

Segundo o prospecto, os recursos líquidos do IPO serão direcionados para o capital de giro do Nubank, despesas operacionais, despesas de capital e investimentos e potenciais aquisições. Cada um dos quatro "eixos" receberia 25% do total levantado, ou R$ 4,139 bilhões considerada a oferta-base com o preço médio de US$ 10,50, ou R$ 58,93.

Na B3, o Nubank vai ofertar os BDRs, que representarão uma fração de cada ação de classe A vendida na Nyse. O banco digital acredita que cada BDR equivalerá a um sexto de uma ação, mas esta relação será definida na data da oferta.

As ações de classe A do Nubank darão a seus titulares o direito a um voto por ação nas assembleias gerais de acionistas, enquanto as ações de classe B, que não fazem parte da oferta, darão direito a 20 votos por papel, o que garantirá a manutenção do atual bloco de controle do banco digital. Os BDRs darão a seus detentores os mesmos direitos atribuídos às ações de classe A, mas os direitos a voto serão exercidos pela instituição depositária.

As ações do Nubank na Nyse terão o código "NU", enquanto os BDRs serão negociados na B3 sob o código "NUBR33", e estreiam no mesmo dia do debute em Nova York.

Cronograma

O Nubank começa a fazer as apresentações para potenciais investidores brasileiros na próxima segunda-feira, 8, e para estrangeiros, no dia 30 de novembro. Nesta mesma data começará a formação do livro da oferta (bookbuilding), e o período de reserva vai até o dia 7 de dezembro. A fixação dos preços por ação será no dia 8 de dezembro, e no dia seguinte, o Nubank estreia nos mercados.

Segundo fontes, o banco já vem conversando nas últimas semanas com potenciais investidores internacionais em Nova York e outras praças para sondar o interesse pelo banco e apetite pelo papel, no chamado non-deal roadshow (NDR). Nas conversas, o interesse de fundos e outros investidores institucionais foi visível, segundo fontes.

A oferta de ações do Nubank deve ser referencial para os próximas IPOs de bancos digitais pelo mundo, entre elas o Chime, de São Francisco, que deve estrear em Wall Street em março.

Os coordenadores globais da oferta são Morgan Stanley, Goldman Sachs e Citi, e os coordenadores conjuntos são HSBC, UBS BB e Safra. A oferta brasileira de BDRs é coordenada pela Nu Invest. 

David Vélez deve manter 75% do pode de voto após o IPO

O fundador do Nubank, David Vélez, vai seguir como principal acionista e controlador do banco após sua abertura de capital (IPO). De acordo com o prospecto, o executivo, que deve subir mais alguns degraus na lista das pessoas mais ricas do mundo com a venda de ações, vai ficar com 86,2% dos papéis ordinários Classe B, que não serão vendidas ao mercado, o que representa ao redor de 75% do poder de voto das ações emitidas.

"Essa concentração de propriedade e poder de voto limitará sua capacidade de influenciar questões corporativas", alerta o Nubank aos potenciais novos acionistas. Além disso, o detentor da ação Classe B terá preferências para comprar ações do banco emitidas no futuro.

Em um exercício sobre impactos regulatórios nos números, o Nubank comenta que a consulta pública do Banco Central, lançada no começo de outubro deste ano, chamada de 89 - uma proposta para limitar a taxa de intercâmbio (interchange) nos cartões de débito a 0,5% - teria tido um impacto de R$ 120 milhões nas suas receitas de 2020, caso fosse implementada naquele ano.

Ainda nos fatores de risco do texto, o Nubank alerta para potenciais riscos de alta da inflação no Brasil e da taxa básica de juros, a Selic, para seu negócio.

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