SÃO PAULO e BRASÍLIA — O leilão do 5G mal terminou, e as empresas fornecedoras afirmam já ter equipamentos e serviços disponíveis para a implementação da chamada Quinta Geração nas principais capitais do país ainda neste ano.
O edital do certame prevê prazo até julho de 2022 para que a tecnologia esteja em operação nas capitais, mas os contatos entre fabricantes e teles já começaram há tempos. E o que se espera nos próximos meses é uma corrida para ver quem consegue oferecer primeiro a internet ultrarrápida.
CEO da Brisanet: ‘Vamos liderar o 5G no interior do país'
A disputa movimentou R$ 47,2 bilhões, de acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O valor do segundo maior leilão já realizado no país, atrás apenas da licitação do pré-sal, foi um pouco menor que o potencial estimado, de R$ 50 bilhões, pois nem todos os lotes foram vendidos.
O resultado consolidou a atuação das três maiores operadoras de telecomunicações do país (Claro, Vivo e TIM) e abriu espaço para mais concorrência com a entrada de novas empresas que vão atuar em faixas regionais.
Ontem, com a oferta da faixa de 26GHz, os destaques foram as grandes operadoras nos lotes nacionais. No âmbito regional, venceram nomes como Algar Telecom, FlyLink e Neko. No total, seis empresas passam a atuar no segmento após o certame.
Entenda: Quando e como o 5G vai redesenhar o setor de telecom e os negócios
Segundo a Anatel, foram arrematados 45 lotes. Os que não foram arrematados devem ser licitados de novo no futuro, como “sobras” do leilão do 5G. O ágio médio dos dois dias de disputa foi de 218%.
— O leilão superou todas as nossas expectativas. São seis novas operadoras no mercado. É o segundo leilão da História do Brasil — disse o ministro das Comunicações, Fábio Faria.
Instalação onde já tem 4G
A maior parte do valor movimentado será transformado em investimento. Dos R$ 7 bilhões levantados pelo governo, ao menos R$ 2 bilhões serão de fato destinados ao Tesouro Nacional. Parte dos outros R$ 5 bilhões (referentes ao ágio) pode se transformar em investimento em razão das regras do leilão.
Pioneirismo: ‘Vai ser uma briga das teles para ver quem é a primeira’, diz Fábio Faria sobre resultado do leilão do 5G
Resolvida a venda dos lotes, é hora de colocar em marcha os preparativos para a oferta do serviço. No Brasil, a Ericsson e outras fornecedoras, como Huawei e Nokia, já vêm em processo de preparação de mão de obra e de negociação com grandes operadoras há mais de um ano.
Rodrigo Dienstmann, presidente da sueca Ericsson para o Cone Sul da América Latina, conta que a fábrica da multinacional sueca no país, localizada em São José dos Campos, em São Paulo, inaugurou uma linha de montagem de rádios 5G em março.
— A planta atende Brasil, América Latina e ainda exporta para Europa, EUA e Ásia. Todas as grandes operadoras são nossas clientes e já temos pedidos de compra. Há rádios já encaixotados para serem enviados aos operadores. Já sabemos que equipamento vai para cada operadora com o resultado do leilão — afirma.
O executivo diz ter disponibilidade de equipes para que haja equipamento 5G em funcionamento neste ano, a depender da demanda das teles.
— Se alguma empresa quiser antecipar os serviços ainda neste ano, é possível. A regra é instalar o 5G onde já temos equipamentos de 4G — explica ele.
Entrevista: ‘Falta de chips se estende ao longo de 2022’, diz presidente da Qualcomm
A Ericsson anunciou ano passado investimento de R$ 1 bilhão até 2025 na fábrica em São José dos Campos, e parte do aporte foi usado para implementar nova linha de montagem. A fábrica é uma das quatro da empresa no mundo.
Wilson Cardoso, chefe de tecnologia da finlandesa Nokia para a América Latina, diz que parte das antenas no país já comporta frequências da rede 5G e que a companhia tem modernizado equipamentos no país há anos.
— Muitas das torres de 4G estão equipadas para 5G, só faltam as antenas da frequência que estão sendo leiloadas. Temos 12 mil antenas prontas, e um número considerável foi modernizado nos últimos anos já pensando no padrão 5G. As torres são conectadas por fibra que conectam até os data centers e estações de rádio base — explica Cardoso.
Criação de redes privadas
Carlos Lauria, diretor de Relações Governamentais da chinesa Huawei, diz que a empresa já fabrica em Manaus parte dos equipamentos que serão usados no 5G. A companhia é uma das principais fornecedoras do mundo.
— A curva de adoção da tecnologia 5G deve ser mais rápida do que a do 4G. Em três anos deve ser o padrão predominante — diz Lauria.
Antes disso, já haverá melhoria da cobertura 4G existente, segundo ele.
O cronograma prevê implantação gradual do 5G. Quanto mais populosa é a cidade, mais rápido ele chegará.
E você com isso? Veja 5 coisas que a chegada do 5G pode mudar na sua vida
Para Vivien Suruagy, presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicação e de Informática, haverá competição entre as operadoras para fornecer os serviços primeiro:
— Quem chega antes e entrega o serviço com qualidade costuma ter uma participação de mercado maior e, por isso, é normal existir essa competição entre as empresas.
As multinacionais têm investido no desenvolvimento de softwares, plataformas e serviços ligados ao 5G para atender a demandas de operadoras e para redes privadas.
Exclusão digital: Enquanto Brasil faz leilão 5G, mas quase 9 milhões de pessoas sequer têm acesso ao 4G
A Nokia desenvolveu projeto piloto de rede privada para automatização de uma fábrica da Weg e já construiu rede para a mineradora Vale. A japonesa Fujitsu é fornecedora de equipamentos como rádios e antenas, e deve iniciar a venda de produtos e serviços para 5G no país em 2022, com especial atenção à demanda de indústrias por redes privadas.
— Há dois anos, ampliamos nossa operação com a venda de equipamentos para transporte em fibra óptica. Tivemos crescimento acelerado, atendendo a empresas que venceram lotes do leilão, como a Brisanet — diz Alex Takaoka, diretor de Vendas da empresa.
Empresas já têm equipamento para antecipar 5G no país - O Globo
Read More
No comments:
Post a Comment