Notas de dólar — Foto: Gary Cameron/Reuters
O dólar fechou em alta nesta terça-feira (16), na reabertura dos mercados após o feriado de 15 de novembro e repercutindo a força da moeda norte-americana no exterior e renovadas preocupações domésticas do lado fiscal nesta terça-feira.
A moeda norte-americana subiu 0,75%, cotada a R$ 5,4991. Veja mais cotações.
Na sexta-feira, o dólar fechou em alta de 1%, cotado a R$ 5,4579. Com o resultado desta terça, acumula queda de 2,63% no mês. No ano, tem alta de 6,01%.
Segundo a agência Reuters, o mercado não reagiu bem a declarações do presidente Jair Bolsonaro de que a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios pelo Congresso irá abrir espaço para a concessão de reajuste aos servidores públicos federais, justificando o eventual aumento como resposta a um congelamento dos salários e à inflação.
Os comentários endossam receios de investidores sobre uma política fiscal ainda mais expansionista por parte do governo, cuja pressão pelo Auxílio Brasil impôs derrota à narrativa de austeridade fiscal do ministro da Economia, Paulo Guedes, e provocou forte deterioração nos ativos domésticos ao longo de outubro em meio a temores de descontrole nas contas públicas.
Em Brasília, as atenções seguiram voltadas para a tramitação da PEC dos Precatórios no Senado. A proposta é encarada como prioritária pelo governo para bancar o Auxílio Brasil no valor mínimo de R$ 400 por família.
A proposta adia o pagamento de precatórios (dívidas do governo já reconhecidas pela Justiça) e altera o cálculo do teto de gastos (regra pela qual, de um ano para outro, as despesas do governo não podem crescer mais que a variação da inflação). As duas mudanças abrem um espaço orçamentário de cerca de R$ 90 bilhões para o governo gastar em 2022, ano eleitoral — o que é visto como especialistas como uma forma de “contornar” o teto de gastos -- considerado uma importante âncora fiscal.
Na agenda econômica, o Banco Central mostrou que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), registrou queda de 0,27% em setembro em relação a agosto, indicando retração de 0,14% no 3º trimestre.
O mercado financeiro elevou novamente a estimativa de inflação e piorou a projeção para o PIB de 2022, segundo pesquisa Focus, divulgada nesta segunda pelo Banco Central.
Para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a expectativa do mercado para este ano subiu de 9,33% para 9,77%. Para 2022, subiu de 4,63% para 4,79% a estimativa de inflação.
O mercado manteve em 9,25% ao ano a previsão para a Selic no fim de 2021 e em 11% ao ano para o fim de 2022. Para o PIB, a previsão de crescimento deste ano passou de 4,93% para 4,88%. Para 2022, a estimativa de alta foi reduzida de 1% para 0,93%.
Já a projeção para a taxa de câmbio no fim de 2021 permaneceu em R$ 5,50. Para o fim de 2022, ficou estável também em R$ 5,50 por dólar.
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