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Tuesday, November 2, 2021

Bolsa com e sem chuva: Quais empresas perdem com a crise hídrica - UOL

O Brasil enfrenta a mais grave crise hídrica em 91 anos. Os reservatórios do país recuaram para os menores níveis desde 2015, criando uma corrente de impactos negativos na economia. O governo teve que ligar as usinas térmicas que custam mais que as hidrelétricas, a conta de luz da população ficou mais cara por isso e puxou para cima o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que por sua vez levou o Banco Central a acelerar a alta dos juros para controlar a inflação.

Tudo isso tem impacto na Bolsa, segundo profissionais de mercado, porque o desempenho de vendas e de lucros das companhias com ações negociadas dependem da economia. A situação pode ficar ainda mais complicada se a seca continuar no verão, e o governo tiver que racionar o fornecimento de energia. Já mostramos como essa crise afeta as empresas do próprio setor elétrico. Mas as chuvas também impactam empresas de outras áreas. Veja abaixo quem mais perde na Bolsa se as chuvas não forem suficientes para reabastecer os reservatórios.

Por que a chuva afeta economia

O Brasil tem cerca de 60% de sua energia gerada por hidrelétricas. Sem chuvas, os reservatórios que alimentam as turbinas das usinas ficam ameaçados. E como a energia é um dos insumos mais importantes da economia, períodos de seca afetam os custos de toda atividade.

O Brasil já teve mais de 90% de sua matriz energética em hidrelétricas. Esse quadro melhorou, mas ainda assim o Brasil não deveria depender mais que 50% da energia hidrelétrica.
Sillas de Souza Cezar, professor de economia da FAAP

O economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo, estima que o PIB (Produto Interno Bruto) encolha até 0,2 ponto percentual para cada 1% de redução do consumo de energia por racionamento.

O Brasil depende então das chuvas para que o racionamento seja afastado ou, ao menos, para que as térmicas possam ser desligadas, e a energia mais barata das hidrelétricas possa ajudar a reduzir os preços da eletricidade.

Setores mais afetados se chuvas não vierem

As ações mais afetadas na Bolsa, em caso de chuvas insuficientes para realimentar os reservatórios das hidrelétricas, são as de empresas que têm na água e na energia o principal insumo do negócio, apontam analistas de mercado.

Energia é base de cadeia de produção e por isso afeta de forma sistêmica a economia, mas tem empresas que são mais suscetíveis a problemas que outras.
Rodrigo Crespi, analista da Guide Investimentos

Para esses setores, menos chuvas significa mais custos e menos vendas. Veja alguns deles.

Saneamento: água é o principal produto de empresas como Sabesp, Sanepar e Copasa. Sem chuvas, o volume dos reservatórios que abastecem as cidades do país diminui, afetando o volume de vendas dessas companhias.

Empresas com represas secas tendem a utilizar a prática do racionamento em sua região de atendimento, ocasionando impactos nos volumes distribuídos, perdas, além do aumento do risco político.
Vitor Souza, analista para setor elétrico e saneamento da Genial Investimentos

Indústria: ações de indústrias de diferentes setores, que produzem de alimentos e bebidas a bens duráveis. Essas companhias já estão pagando mais pela energia, o que eleva os custos e, por tabela, reduz a margem de lucro a ser distribuído aos investidores.

Além disso, alguns ramos, como o de bebidas e alimentos, ou vestuário, consomem muita água no processo. Assim, escassez de água não apenas encarece a produção como ainda pode levar a uma limitação de vendas, destaca William Teixeira, chefe de Renda Variável da Messem Investimentos.

Agronegócio: negócios ligados à agricultura dependem das chuvas diretamente para irrigação, processamento da colheita e criação de gado —para abate ou produção de leite. A estiagem afeta o volume e a qualidade da produção, com impacto nas margens de lucro e na distribuição de dividendos.

O impacto da falta de chuvas é forte na agricultura e na pecuária. Aliás, já estamos vendo perda de produtividade este ano na segunda safra de grãos e aumento de custos.
William Teixeira, chefe de Renda Variável da Messem Investimentos

Siderúrgicas: desde a última grande crise de energia por falta de chuvas, em 2001, as principais siderúrgicas do país investiram em geração própria, o que diminuiu a dependência do sistema nacional elétrico.

Mas os principais clientes das siderúrgicas são indústrias que já estão sendo afetadas pela eletricidade mais cara e ainda podem ter que reduzir a produção no caso de racionamento de energia.
Caio Ribeiro, analista do Credit Suisse

Mineradoras: assim como as siderúrgicas, as produtoras de minérios também precisam de muita energia para mover suas linhas de extração e processamento. Em 2001, a Vale, por exemplo, teve que cortar parte da produção em especial de alumínio e ferro-ligas.

Hoje, a Vale já consegue gerar cerca de 68% do consumo próprio de eletricidade, destaca o analista do Credit Suisse, mas essa energia vem de ativos que ainda podem estar sujeitos a restrições impostas pelo governo. Nesse setor, aponta Ribeiro, podem ser mais impactadas as mineradoras que vendem mais para o mercado doméstico que para o exterior.

Quem se beneficia

O aumento das chuvas em outubro pode ajudar todas empresas desses setores acima citados que sofrem com a escassez de água, destacam os profissionais de mercado ouvidos pelo UOL.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) destacou um certo alívio no mês passado, mas alertou que a situação ainda merece cautela.
O chefe de análise de ações na Órama, Phil Soares, destaca que a melhora da pluviosidade em outubro já impactou os custos de energia.

"Vimos uma queda expressiva do preço de energia de curto prazo, que começou o mês acima dos R$ 500 e hoje já opera na casa dos R$ 150", disse Soares.

Segundo o analista da Órama, além dos setores já citados acima, ações de empresas de varejo também podem se beneficiar das chuvas de forma indireta.

A preocupação com o impacto da falta de chuvas no preço da energia existe também por causa da inflação. Então, com chuvas e redução dos custos de energia, vemos no varejo um setor bastante beneficiado por um eventual arrefecimento da inflação.
Phil Soares, da Órama

O que fazer agora?

Para quem tem ações de algumas dessas empresas que estão sendo ou podem ser prejudicadas pela escassez de chuvas, a dica de profissionais de mercado é evitar decisões radicais e sem análises.

Não é o caso de fazer apostas de curto prazo, querendo faturar com variações das ações em um ou dois meses, mas considerar a capacidade de retorno em horizontes mais longos de tempo, destacam analistas.

Antes de qualquer decisão, é preciso avaliar cada empresa separadamente. Como a companhia está preparada para enfrentar a adversidade, já que a situação é passageira apesar de crítica.
William Teixeira, da Messem Investimentos

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