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Saturday, September 25, 2021

Brasil será como Portugal, com churrasco de carne de porco no lugar da picanha, diz diretor comercial do Mundial - Jornal O Globo

RIO - A disparada da inflação e do preço de insumos desafia varejistas do setor de alimentos como o Supermercados Mundial em sua estratégia para manter o perfil competitivo em meio à crise. Mudam também os hábitos do brasileiro, que pode ter de trocar o churrasco de picanha pelo de frango, conta Sérgio Leite, diretor comercial do grupo. Pressionada pela alta de custos, a indústria já não negocia como em 2020, diz ele.

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 Na tradicional promoção de aniversário da rede, com previsão de ampliar vendas em 15% sobre igual período de 2020, Leite reconhece a dificuldade para manter preços: “O cenário que estamos passando é muito ruim”, lamenta.“Não tem como fazer muito mais do que já estamos fazendo”, afirma, garantindo abrir mão de margem para manter a fidelidade da clientela no pós-pandemia.

Está difícil fazer promoções?

O cenário que estamos passando é muito ruim. No nosso primeiro anúncio (do aniversário), vimos em nossas mídias sociais muita gente dizendo “Que preço é esse?”. Mas não tem como fazer muito mais do que já estamos fazendo. Ao longo deste ano, houve a redução do auxílio emergencial e, aqui no Estado (do Rio) há um índice de desemprego muito alto, estamos sentindo isso no consumo.

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Não tem como esticar o salário. Estamos fazendo um esforço enorme para manter os preços. Em algumas categorias, principalmente as de primeira necessidade, praticamente compramos e repassamos para o cliente.  

Os custos subiram?

Quando a gente fala de lucratividade, na última linha do que sobra, nos últimos anos, tem sobrado menos alguma coisa. Há custos maiores com transporte, aumento da energia, pessoal. Nem sempre se consegue repassar isso tudo para o preço, ou você fica fora do mercado. Nós não paramos.

Estamos reformando inteiramente a loja do Largo da Segunda-feira, na Tijuca (que reabre dia 30). Acreditamos no nosso negócio, no varejo tradicional, pela lealdade que o cliente tem com a gente.

A previsão é crescer este ano?

O crescimento que acontece hoje, e aconteceu em 2020, é muito mais pelo aumento do preço dos produtos, não necessariamente pela quantidade que você vendeu. Ou seja, aquelas pessoas que levavam três ou quatro itens, levam dois ou um; algumas migraram para outras marcas.

Em 2020, crescemos 9%. Este ano, com menos uma loja (que está em reforma), são 19 operando, o acumulado é de 7,3%. Devemos crescer 9% a 10%.

Que categorias caíram?

Uma que cai muito ante o ano passado é a de carne bovina. O cliente migrou para o frango. Só que nos últimos três meses o frango também deu uma arrancada grande, em virtude do que o Brasil está exportando e da alta do milho. Na promoção de aniversário de 2020, vendemos o filezinho de frango a R$ 7,99 o quilo. Na deste ano, anunciamos a R$ 12,99.

Por isso é que a percepção do cliente é a de “Que promoção é essa?”. Mas o mercado está vendendo o mesmo produto a R$ 14,99. São R$ 2 de diferença, que é interessante, mas não é mais aquele preço que gostaríamos de ofertar.

E a carne recuou em quanto?

O consumo de carne caiu em torno de 30%. Um fornecedor diz que já viu isso (ocorrer) lá fora e enxerga como o cenário nos próximos anos, que o brasileiro vai ter de mudar seus hábitos de consumo. Em Portugal, não se faz churrasco de picanha, mas de carne de porco, porque picanha é muito caro.

O que ele quer dizer com isso é que a gente aqui não vai mais poder se reunir em família, fazer um churrasco e comer picanha, a menos que a gente possa pagar o preço. Para os frigoríficos, exportar é mais vantajoso.

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Como negociar preço?

Temos de fazer apostas. Você não vai ganhar todos os jogos. Para chegar em primeiro lugar no campeonato, tem que decidir que jogo vai jogar com força máxima para ganhar, porque é importante para o negócio. Alguns, eu vou perder. Outro, pode empatar.

O filé de frango foi uma aposta. A informação do fornecedor quando chega para a gente, vamos vendo com um ou com outro se o preço vai disparar. E aí aceleramos a venda ou não do produto, se quisermos usar como um trunfo para trazer o cliente para a loja.

Como se preparam para Black Friday e Natal?

Nossas programações de artigos natalinos, optamos por antecipar. O bacalhau que vamos vender no Natal já está praticamente todo aqui. Tudo isso é custo, porque eu tenho de pagar essa mercadoria no dólar de hoje, armazenar para vender em dezembro. Mas é o risco que temos de correr, são as escolhas que estamos tendo de fazer, porque tem dificuldade de contêineres, de navios.

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A gente procurou adiantar todos os embarques possíveis, bacalhau, azeite, nozes. O pior cenário seria se eu não tivesse produto, porque por mais que haja pessoas que não terão dinheiro para comprar, o bacalhau está lá para quem tem. E a gente não vai ficar para sempre em crise. Quando a roda voltar a girar, com o cliente percebendo que o apoiei no momento difícil, espero que mantenha a fidelidade comigo no ano que vem.

E a negociação com a indústria?

Não foi como em 2020, quando algumas empresas retardaram a implementação de tabela. Não houve alternativa este ano, porque o aumento da energia foi absurdo, os fretes estão muito caros, há dificuldade de insumos. Outro dia, atendi um fornecedor de sardinha que disse que praticamente vende a lata com a sardinha dentro, por causa da alta do aço.

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