RIO - Após o IBGE divulgar que a taxa de desemprego no país ficou em 14,6% no trimestre encerrado em maio — estável em relação à medição anterior, mas com avanço no número de trabalhadores na informalidade, que bateu 40% —, o ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou a instituição, dizendo que "ela está ainda na idade da pedra lascada".
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— Nós criamos 300 mil empregos em junho (com base nos dados do Caged). Desde que a Covid nos atingiu, já criamos 2,5 milhões de novos empregos. A Pnad do IBGE está muito atrasada metodologicamente, pesquisa feita por telefone... É muito superior a metodologia do Caged, ela vem direto das empresas. Nós vamos ter inclusive que rever, acelerar os procedimentos do IBGE porque ele ainda está na idade da pedra lascada, baseada ainda em métodos que não são os mais eficientes. (Com o Caged), nós temos informações direto das empresas — disse o ministro, que participou de evento na manhã desta sexta-feira no Rio.
Guedes, no entanto, comparou dados de pesquisas diferentes, que utilizam metodologias distintas. O Caged, apurado pelo Ministério da Economia, considera apenas trabalhadores com carteira assinada, com base em dados enviados pelas empresas. As divulgações consideram sempre um único mês, calculando o saldo entre novas contratações e demissões.
Já a Pnad, do IBGE, é mais abrangente, levantando informações sobre tipos de ocupação, tanto formais quanto informais, além dos trabalhadores por conta própria e funcionários públicos.
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Ele baseou sua fala nos dados divulgados nesta quinta-feira pelo Caged, que apontam para uma geração de 1,5 milhão de vagas formais no país entre janeiro e junho deste ano.
— O Brasil está acelerando num ritmo acelerado. O Brasil está criando um milhão e meio de empregos neste ano. Vamos acelerar o ritmo de criação de empregos com o bônus de inclusão produtiva e o bônus que incentiva a qualificação profissional. Vamos criar mais 2 milhões de empregos. Estamos criando praticamente um milhão de empregos a cada 3 meses e meio — frisou Guedes. — Então, o IBGE está um pouquinho atrasado. Esta conta vai ter que convergir com o que está acontecendo.
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O ministro não comentou o avanço da informalidade, tendo citado o crescimento da população como fator que pesa no cenário do emprego:
— Agora, naturalmente, população brasileira continua crescendo, então é possível que o desemprego esteja até caindo um pouco, marginalmente. Nós respeitamos acelerar esse ritmo de queda.
Marcos Hecksher, doutor em População, Território e Estatísticas Públicas pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE) do IBGE, lembra que vários países trocaram temporariamente as entrevistas face a face por telefonemas para evitar a disseminação da covid-19, como o IBGE responsavelmente fez.
— As condições da pandemia podem ter afetado tanto as séries da Pnad Contínua quanto as do Caged. Todo mundo sabe disso, inclusive os bons técnicos que trabalham no Caged. Como em outros países, registros e pesquisas são fontes complementares no monitoramento do emprego.
Hecksher cita ainda uma ausência de transparência em relação ao Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), programa criado pelo governo para suspensão de contrato de trabalho e redução da jornada e salário na pandemia.
— Da idade da pedra é não termos até hoje uma publicação do estoque mensal de recebedores do programa, criado há 16 meses. Fala-se muito de quantas pessoas entram no programa, mas não quantas saem, nem quantas recebem o benefício em cada período, que é o número mais básico na mão de quem o paga todo mês. O fluxo de entrada é bom para fazer propaganda acumulando números grandes, mas ajuda pouco para entender o tamanho real do programa.
‘O IBGE ainda está na idade da pedra lascada’, diz Guedes ao ser questionado sobre a taxa de 14,6% de desemprego no país - Jornal O Globo
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