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Wednesday, June 16, 2021

Poupança: quanto rendem R$ 1.000 por ano após nova alta dos juros 16/06/2021 18h42 - UOL Economia

O Banco Central voltou a elevar os juros nesta quarta-feira (16), subindo a taxa básica Selic pela terceira vez em 2021. Dessa vez, de 3,5% para 4,25% ao ano. Essa mudança afeta a vida de milhões de investidores brasileiros que têm dinheiro aplicado na renda fixa, cujo rendimento é calculado com base nesse indicador.

O aumento da Selic ajuda aplicações tradicionais como poupança, fundos de investimento DI e títulos Tesouro Selic. Mas essa melhora ainda não é suficiente para compensar a parte que a inflação continua corroendo, destacam gestores de recursos.

Isso porque o retorno real, que compara o ganho de uma aplicação com o avanço dos preços da economia, ainda está negativo, considerando o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial do país.

Veja a seguir quanto rendem agora R$ 1.000, aplicados por um ano na poupança, no Tesouro Selic e em fundos DI. Para calcular o ganho real, foi considerada uma inflação de 5,82%, que é a taxa projetada pelos economistas para o fim deste ano, segundo a última pesquisa Boletim Focus, do Banco Central.

Compare os rendimentos de alguns investimentos.

Rendimento nominal

Com a nova Selic, de 4,25% ao ano, o rendimento líquido para R$ 1.000 aplicados por um ano, já descontado o Imposto de Renda ficaria assim:

  • Poupança: R$ 29,60
  • Tesouro Selic: R$ 35,06
  • Fundos DI (taxa de administração de 0,5%): R$ 30,94

Perda real

Mas considerando uma inflação de 5,82% para 12 meses, os três investimentos ainda perderiam numa aplicação de um ano. Isso porque a inflação continua superior aos ganhos das aplicações nesse período. Nessa conta abaixo, vejas as perdas, que são calculadas a partir do rendimento nominal descontada a inflação projetada. Veja então com R$ 1.000 aplicados, de quanto seriam estas perdas:

  • Poupança: R$ 28,60
  • Tesouro Selic: R$ 23,14
  • Fundos DI (taxa de administração de 0,5%): R$ 27,26

Inflação subiu mais que juros

Nos últimos 45 dias, período entre as duas últimas reuniões do Banco Central nas quais a taxa básica de juros subiu, a inflação esperada para o fim do ano variou mais do que a taxa básica de juros. A Selic subiu 0,75 ponto percentual; a inflação projetada avançou 0,78 ponto percentual.

No encontro anterior do Comitê de Política Monetária (Copom), realizado nos dias 4 e 5 de maio, o IPCA projetado para o fim de 2021, de acordo com o Boletim Focus, era de 5,04%. Já nesta semana, a inflação projetada passou a ser de 5,82%.

Isso quer dizer que, mesmo com a alta da Selic agora, o desempenho das aplicações tradicionais de renda fixa pioraram, em termos relativos, em relação à inflação.

Em outra análise, que considera a inflação presente e não a projetada, a situação também ficou pior para o aplicador. Afinal, o IPCA acumulado em 12 meses atingiu em maio 8,06%, o maior patamar desde setembro de 2016.

Cenário para restante do ano

Profissionais de mercado destacam, entretanto, que esse quadro vai começar a mudar, com desaceleração da inflação e aceleração dos juros.
As estimativas dos economistas apontam para uma taxa Selic de 6,25% em dezembro, conforme Boletim Focus. Já para a inflação, o IPCA anual previsto para dezembro é de 5,82%.

Se esses cenários se confirmarem -com juros em alta e inflação desacelerando-, o desempenho das aplicações de renda fixa tradicionais devem melhorar ao longo do segundo semestre.

Assim, aplicações como poupança, Tesouro Selic e fundos DI devem entrar em 2022 voltado a ter a capacidade de entregar ganhos reais aos aplicadores, ou seja, rendimentos superiores à inflação.

Olhando hoje, as aplicações mais básicas, aquelas que acompanham a Selic, de fato seguem perdendo para a inflação. Mas olhando para frente, a inflação vai começar a cair a partir do segundo semestre, enquanto a Selic vai seguir subindo até 6,5%, segundo as nossas estimativas. Hoje a inflação está ganhando da Selic, mas no fim do ano devemos ver o juro real voltando para essas aplicações.
Camilla Dolle, estrategista de renda fixa da XP Investimentos

Com a alta da Selic, vamos ver os ativos de menor risco rendendo um pouco mais, mas o aplicador deve continuar buscando a diversificação. Até porque os juros reais continuarão baixos, perto de zero. Então continua sendo válida a diversificação de carteira de longo prazo para quem busca ativos que entreguem rendimento superior ao da renda fixa.
Paula Zogbj, analista da Rico Investimentos

Este material é exclusivamente informativo, e não recomendação de investimento. Aplicações de risco estão sujeitas a perdas. Rentabilidade do passado não garante rentabilidade futura.

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